POLÍTICA
Curso de aperfeiçoamento no final da gestão? Pode isso, Arnaldo???

Foto Divulgação
Mesmo faltando quase dois meses para o fim do governo, já tem gente desocupando as gavetas... Por outro lado, tem gente que ainda busca se aperfeiçoar para, quem sabe, colaborar com o seu conhecimento nestes poucos mais de 40 dias que ainda faltam para entregar a chave da prefeitura para o governo eleito. É o caso de duas funcionárias, cargos de confiança, que foram a Porto Alegre, com diárias e despesas pagas pelos contribuintes carazinhenses, para participar de um curso sobre transição de governo. O detalhe é que nenhuma das duas faz parte da Comissão de Transição designada pelo prefeito. O deslocamento foi com o carro oficial da Prefeitura e o custo é de R$480 por dia para cada uma, só para hospedagem e alimentação. Como o curso é de uma semana, a despesa para nós, contribuintes, será de mais de R$4.500,00...Questionei o secretário de Governo, Jorge Dutra, sobre a viagem das duas CCs, e ele respondeu à coluna que “não via nenhum mal nisso”...Então tá! Verdade que legalmente elas podem, afinal, o governo ainda não acabou. Mas é moral? Quem autorizou???
Demagogia
A viagem das CCs causou revolta até em integrantes do PSB, partido das duas assessoras. Porém, só indignação nas redes sociais não basta. O partido deve tomar alguma atitude, caso contrário, cheira a hipocrisia e demagogia...A não ser que as duas assessoras foram se especializar porque o PSB pretende fazer parte do novo governo. Neste caso, tudo, mas tudo mesmo, se explicaria...
O perigo da banalização
Diante de verdadeiras aberrações que ocorrem na política, o grande perigo é banalizarmos o absurdo, tratando como “parte do jogo” o que de forma alguma poderia ser normalizado. O episódio ocorrido na Câmara de Vereadores na sessão da última segunda-feira é um destes casos. Não entrando no mérito quanto a necessidade ou não da suplementação de R$1 milhão para a secretaria de Obras, o fato é que depois das manifestações feitas por vereadores da base de que o recurso serviria para cumprir promessas de campanha, o tal projeto foi contaminado com o que há de mais nefasto na política, que é o favorecimento de interesses particulares, ou seja, corrupção...Portanto, em hipótese alguma deveria ter sido mantido pelo Executivo, e muito menos, aprovado...
Vitória e derrota
Vale destacar que a base do governo não se deu nem mesmo o trabalho de tentar esclarecer, explicar, ou até mesmo negar, as graves afirmações feitas pelo presidente da Casa e repetidas por outro vereador da base. Ao invés disso, a base se preocupou em armar uma manobra que garantiu a aprovação do projeto. Com Alécio Sella (PP) e Estevão de Loreno (PSB) devidamente substituídos por suplentes e com Tenente Costa, ausente, o governo venceu a queda de braço. Porém, esta é uma vitória que cheira a derrota...Definitivamente não houve vencedores...Perderam a decência e a ética, valores, aliás, defendidos pelo Observatório Social do Brasil, cuja manifestação pública pela rejeição do projeto foi simplesmente ignorada pelos vereadores que, inclusive, durante a campanha levantaram a bandeira da transparência...Infelizmente, a atual legislatura irá encerrar carregando consigo essa mácula, que envergonha todos os carazinhenses...
Fiscalização
Como não adianta chorar sobre o leite derramado, resta agora à sociedade civil organizada fiscalizar de perto a aplicação deste recurso. O problema é que o projeto é genérico...Do valor de R$ 1 milhão, R$130mil estão previstos para manutenção de vias públicas urbanas. Quais vias? R$10 mil para manutenção de Praças. Quais? R$360mil para manutenção de estradas do interior. Onde? E assim por diante...
Omissão
Com as devidas justificativas de ausência de Alécio Sella e De Loreno, falta o tenente Costa explicar a ausência em uma sessão tão importante. É estranho que mesmo com apenas uma sessão semanal, tudo aconteça na segunda-feira à noite para impedir os vereadores de comparecer...Porém, a atitude (ou falta de atitude) do vereador Tenente Costa, que se omitiu da votação, faz crescer as especulações de que ele estaria se aproximando do próximo governo, o que poderia acarretar em literalmente uma virada de mesa para a presidência da Casa...
Esfacelamento
Mas o episódio da última segunda-feira revela mais do que o “caradurismo” na política...Revela que a base do governo saiu totalmente esfacelada desta eleição, tanto que foi preciso garantir a presença de dois suplentes e uma ausência para que o projeto fosse aprovado...Ou seja, dado o esfacelamento dos partidos da Situação, nem parece que a derrota foi por apenas 140 votos. Parece até que foi “de lavada”, em especial, para o MDB e PSB, que se quiserem fazer a diferença na Oposição a partir do ano que vem, terão que reencontrar o rumo e a união...
A propósito I: falando em MDB, Milton Schmitz afirmou recentemente que nunca mais será prefeito de Carazinho. Quando questionado pela coluna se isso significa nunca mais concorrer a um cargo público, como deputado, por exemplo, desconversou...Vale lembrar que se confirmada a desistência de Márcio Biolchi concorrer à reeleição para a Câmara dos Deputados em 2026, alguém terá que preencher esta lacuna...
Silêncio que fala
O relativismo que impera em relação aos absurdos da política, começa nos próprios partidos e suas lideranças. Como pode um partido que ficou oito anos no poder não se pronunciar sobre as graves acusações feitas por um de seus vereadores na tribuna da Câmara??? Considerado até pouco tempo um dos fiéis escudeiros do prefeito Milton Schmitz, o ex-secretário de Obras, Estevão De Loreno, disse com todas as letras que “a farra na secretaria de Obras continua e que o prefeito sabia de tudo”... Será que alguém considera que isso não é grave? O PSB, que continua no governo, não vai fazer nada? E o prefeito, vai aceitar estas acusações? Acusações proferidas publicamente na tribuna não podem ser tratadas como simplesmente “palavras ao vento”...
Transição I
Com a viagem a Brasília adiada para a próxima semana, integrantes do próximo governo seguem com as visitas às secretarias e departamentos como parte do processo de transição. Enquanto isso, o prefeito eleito João Pedro Azevedo confere ‘in loco’ as obras iniciadas pelo atual governo e que ficaram de herança para a futura gestão cortar a fita, como por exemplo, o Ginásio de Esportes. Segundo João Pedro, o prazo para a entrega da obra pela empresa responsável é janeiro de 2026, mas havia uma previsão desta data ser adiantada para maio ou junho do ano que vem. Porém, o futuro prefeito se preocupou com o que constatou na visita, como por exemplo, a falta de acessibilidade nas arquibancadas, o que pode acarretar um problema jurídico para liberação do espaço. Por isso, João Pedro não descarta ter que fazer alterações no projeto.
Interlocução
Além de se inteirar dos projetos em andamento, o período de transição também serve para os “contatos de terceiro grau”, fundamentais para estreitar a interlocução da nova gestão com lideranças e parlamentares. Acompanhada do presidente do Republicanos-Carazinho, César Machado, a vice-prefeita eleita Valéska Walber esteve em Porto Alegre esta semana, onde se reuniu com o presidente do partido no RS, Carlos Gomes e com deputados do Republicanos na Assembleia. Na bagagem, trouxe ótimas perspectivas de projetos, em especial, para o setor de habitação de Carazinho.
Esportes
Na visita que fez a Marau esta semana, João Pedro foi acompanhado do vereador eleito Alaor Tomás, do PDT, que faz parte da Comissão de Transição e é um dos nomes cogitados para assumir a secretaria de Esportes, que é uma das cotas do partido no novo governo. Assim, a vaga de Alaor ficaria para o primeiro suplente do partido, Gabriel da Rocha. Porém, a informação é que Alaor teria decidido permanecer na Câmara e indicado o jogador Nuno para o cargo. Vamos aguardar até a segunda quinzena de novembro, já que com o adiamento da viagem à Brasília, o anúncio dos nomes da equipe também foi prorrogado.
Cotas
Ainda sobre as cotas de cada partido no novo governo, além do Esporte, o PDT estaria garantido com a secretaria de Obras; já o PSDB, ficaria com três secretarias: Jurídico, Educação e Desenvolvimento e o União Brasil, com a Agricultura. Segundo fontes desta coluna, as secretarias de Planejamento e Saúde e a nova secretaria de Inovação, fariam parte da cota pessoal do futuro prefeito, com nomes técnicos, que, inclusive, podem vir de outros municípios... Já o Republicanos, da vice Valéska Walber, ficaria com mais espaços na Eletrocar...Propositadamente todos os verbos estão conjugados no futuro do pretérito porque nada está garantido...
A propósito II: além do esforço de acomodar os partidos, João Pedro ainda tenta fazer um arranjo que garanta a ida de Juliani Pinzon para o Legislativo. Com 722 votos, ela ficou como primeiro suplente do PSDB. A única opção seria “puxar” um dos quatro vereadores do partido para o Executivo. A secretaria de Assistência Social pode ser uma opção e, neste caso, o vereador Fábio Zanetti é o que mais se adequaria ao cargo...
Trânsito
Vale lembrar que o atual governo só se encerra em 31 de dezembro e tem problemas que não podem esperar...Um exemplo é o trânsito, tão debatido durante a campanha eleitoral, mas que continua causando inúmeros transtornos em Carazinho. Cansados de esperar e testemunhando acidentes quase que diariamente, os moradores próximos ao cruzamento das ruas Marechal Floriano e Alferes Rodrigo, no centro da cidade, encaminharam um abaixo-assinado ao prefeito solicitando uma sinaleira ou lombada na Rua Silva Jardim, antes do cruzamento. O local é um dos mais perigosos do centro, e mesmo assim, desrespeitado pelos motoristas, que acessam a via em alta velocidade. Algo tem que ser feito urgentemente antes que aconteça uma tragédia...
Prestação de Contas
Finalizado o prazo para prestação de contas dos candidatos ao TSE, as majoritárias de Carazinho gastaram o total de R$327.322,00 por cada um dos votos dos eleitores carazinhenses. Os quatro candidatos juntos não chegaram ao limite individual estabelecido pela legislação, que era de R$366.915,00. Segundo os dados repassados, a majoritária com o maior volume de despesas foi a João Pedro-Valéska, com R$160.702,00, seguida pela majoritária do PL, com R$133.130,00. Após vem a majoritária do PT, com R$23.470 e por último, a majoritária PP-MDB, com apenas R$10. 020,00 de despesas declaradas ao TSE...Como nem se cogita a hipótese de alguns dados não terem sido declarados à Justiça, a coligação que representa a Situação em Carazinho fez uma verdadeira mágica ao gastar somente este valor e, mesmo assim, conquistar 16.247 votos. É um case que, sem dúvida, merece ser estudado pelo marketing político...

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Data: 07/11/2024 - 07:51
Colunista: Nadja HartmannFonte: Nadja Hartmann