POLÍTICA

Geração de empregos deve ser um dos temas centrais de debate na campanha eleitoral em Carazinho

Foto Divulgação

 

Com os nomes na mesa, finalmente chegou a hora de discutir o que mais importa: o futuro do município e as propostas de cada candidato. Se em 2020, com a eleição realizada em plena pandemia, a saúde esteve no centro dos debates, neste ano, a tendência é que os temas sejam mais variados. Talvez até mesmo haja um esforço estratégico de nacionalizar o debate, trazendo para o local, o acirramento entre esquerda e direita ou Lula e Bolsonaro. Porém, em uma eleição municipal, o que vale mesmo é o buraco na rua, o atendimento no postinho do bairro, a vaga na escola, etc, etc, etc...No caso de Carazinho, além destes assuntos sempre presentes, há grandes chances da Oposição insistir em temas como geração de empregos, programas habitacionais e, até mesmo, o estacionamento rotativo pago, que virou um “cavalo de batalha” da oposição na Câmara...Já a Situação deve insistir na tese que o “Novo Tempo” proposto por um dos candidatos da oposição – João Pedro (PSDB) – pode não ser tão novo assim, tirando antigos esqueletos do armário...

 

Planos de Governo

Só o que se espera é que para cada problema apontado venha uma solução viável e factível. Não basta dizer o que fazer, tem que dizer como fazer e com que recurso...Dos quatro candidatos a prefeito, apenas Daniel Weber (PP) e João Pedro (PSDB) já cadastraram o seu plano de governo no site da Justiça Eleitoral. Com o slogan “A mudança precisa continuar”, o plano da majoritária PP-MDB possui 26 páginas, e fiel ao slogan, o documento repete dez vezes a palavra “continuar” e mais de quinze vezes, as palavras “manter” ou “manutenção”. Já a proposta de governo da majoritária PSDB-Republicanos, intitulada como “Novo Tempo” é bem mais econômica em palavras, com três páginas...

 

Convergências

Um dos pontos que convergem nos dois planos de governo é a ampliação do ensino integral no município, porém, apesar da complexidade da proposta nenhum explica como pretende implementar...Outro ponto, que infelizmente, os dois documentos se assemelham, é a pouca atenção ao meio ambiente, lembrando que meio ambiente é muito mais do que criar espaços verdes na cidade... Mesmo que Carazinho não tenha sido afetado pela tragédia das enchentes, é obrigação de todo gestor público propor soluções de prevenção aos efeitos das mudanças climáticas, evitando possíveis tragédias. Porém, para ambos os candidatos, nem parece que a poucos quilômetros de Carazinho, vidas, bairros inteiros, negócios e empregos foram perdidos...E se for aqui??? Estaremos preparados?

 

Propaganda eleitoral

Há quem diga que a força das redes sociais diminuiu o peso da propaganda eleitoral no Rádio e TV, mas não resta dúvida, que se os programas não são determinantes para a decisão dos eleitores, continuam sendo muito importantes...Tanto isso é verdade que o tempo de cada partido é moeda forte nas negociações de alianças...Para quem está com saudades desta “atração”, a propaganda eleitoral começa a ser veiculada no dia 30 de agosto.

 

Tempos

A reunião da Justiça Eleitoral para oficializar o tempo e a ordem dos programas está marcada para esta sexta-feira, mas extra oficialmente, pelos cálculos feitos por esta coluna, a majoritária que terá o maior tempo será dos candidatos João Pedro (PSDB) e Valéska (Republicanos), com cerca de 3 minutos e meio. Com quatro partidos e uma Federação, o tempo da coligação foi “vitaminado” pelo União Brasil, que, sozinho, possui 1´08”. Já a majoritária formada por Daniel Weber (PP) e Dini Costa (MDB), além do PSB e Podemos, terá o segundo maior tempo, com pouco mais de 2 minutos. Apesar de Renato Süss (PL) vir em candidatura solo, terá 1’51”, quase o mesmo da majoritária PP-MDB. A Federação PT-PCdoB-PV, representada por Luis Alberto Godinho, terá 1´43”. O tempo é calculado conforme o número de deputados federais de cada partido.

 

Gastos

Enquanto nas eleições de 2020, o limite de despesas das majoritárias foi de R$282mil, neste ano, cada um dos quatro candidatos à prefeito pode gastar até R$366.915,72. Isso não quer dizer que todos irão utilizar este valor... Nas últimas eleições municipais, por exemplo, enquanto Milton Schmitz (MDB), eleito com 18.083 votos, declarou um total de despesas de R$ 240 mil, sendo R$ 212 mil de doações de pessoas físicas, o candidato que ficou em segundo lugar, com 14.697 votos, João Pedro Azevedo (PSDB), declarou gastos na ordem de R$ 66mil. Já cada um dos 108 candidatos ao legislativo poderá gastar até R$ 66 mil na campanha. Porém, na última eleição, mesmo com o limite de R$ 50 mil, o vereador eleito que mais gastou, declarou uma despesa de pouco mais de R$ 17mil... Se todos os candidatos a prefeito e a vereador gastassem até o último centavo do limite, teríamos mais de R$ 8,5 milhões circulando na economia de Carazinho até 03 de outubro, mas não é o caso...

A propósito: raposões da política sempre dizem que é mais fácil se eleger a prefeito do que a vereador. Apesar dos votos necessários ser infinitamente menor, a concorrência é muito maior. Nesta eleição em Carazinho, são 108 nomes, com uma média é de 8,31 candidatos por vaga, mais do que muito curso em universidade federal...

 

Filiados

Sabe-se que o número de filiados de um partido não necessariamente representa o número de cabos eleitorais voluntários que efetivamente seguram a bandeira na avenida e distribuem santinhos, mas de alguma forma, as filiações são um indicativo da força da sigla. Em Carazinho, atualmente são 10.122 eleitores filiados a alguma sigla. Hoje, o partido com maior número de filiados no município é o PSDB, com 2.325. Porém, o partido que mais cresceu nos últimos quatro anos foi o Republicanos, que passou de 706 filiados em 2020 para 1.512 filiados em 2024. Curiosamente, o MDB, apesar de estar há oito anos no poder, - o que sempre é um atrativo -, encerra a segunda gestão com menos filiados do que em 2020. Confira o comparativo abaixo com os cinco maiores partidos do município. 

Mais do mesmo...

A sensação de “deja vú” ou de “já vi esse filme” que muitos eleitores podem estar sentindo diante do cenário eleitoral apresentado em Carazinho não é de graça...Há pelo menos três eleições temos os mesmos grupos na disputa, com pequenas variações, e o mais preocupante, os mesmos nomes concorrendo em cargos diferentes. Como diz a música, “nossos ‘ídolos’ ainda são os mesmos e as aparências não enganam não”. É que como também diz a música, “depois deles não apareceu mais ninguém”... Culpa de quem? Parte dos partidos políticos, sem dúvida, e grande parte, das lideranças que não souberam (ou não quiseram) construir novos nomes. Infelizmente, o menu oferecido aos eleitores é mais do mesmo, apesar da nova embalagem...

 

Pêndulo

Comparando com a eleição de 2020, um dos fatos novos no cenário é o fato do PP ter voltado a se aliar ao MDB, posição que manteve em 2012 e 2016, mas que abandonou nas últimas eleições, quando veio aliado ao PSDB. Verdade que o PP de hoje, em grande parte, não é o mesmo de antigamente, já que muitas lideranças do partido migraram para o União Brasil... Aliás, neste exato momento, o PP está literalmente sentado na cadeira do Prefeito, já que o vereador Alécio Sella, por não ser candidato à reeleição, foi o único com possibilidade legal de assumir na ausência do prefeito Milton Schmitz. Para quem está deixando a política, - como ele garante -, é um fechamento com chave de ouro...A não ser que ele goste do peso da caneta e mude de ideia...

 

Telhado de vidro

Apesar de uma eleição ser diferente da outra, também será a hora de comprovar o peso de uma mulher na majoritária, com Valéska Walber concorrendo agora como vice-prefeita na chapa de oposição, ao lado de João Pedro (PSDB)...Outra resposta que deve ser trazida pelas urnas de outubro é o tamanho do legado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que em 2022 fez mais de 60% dos votos em Carazinho. Aliás, há uma grande expectativa sobre qual vai ser o papel do ex-prefeito Renato Suss na campanha eleitoral... Sem dúvida, a candidatura vem para fortalecer o PL no município, garantindo representante na Câmara, mas será que vai assumir um papel de oposição à atual gestão, e, consequentemente, à Daniel Weber (PP) ou será que vem para reforçar o discurso de que o PSDB – mesmo aliado ao Republicanos – é uma candidatura identificada com a esquerda? Até porque, neste caso, só mesmo o PL não tem telhado de vidro, já que PP, MDB e PSB – partidos que fazem parte da coligação da Situação – integram o governo Lula...