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Morre ex-juiza de Direto Marlene Marlei de Souza

Marlene Marlei de Souza anunciou a aposentadora em novembro do ano passado (Foto Divulgação/Arquivo Pessoal)

 

Faleceu ontem (4), aos 63 anos, a ex-juiza de Direito Marlene Marlei de Souza, que lutava contra um câncer. Graduada em Direito pela Universidade de Passo Fundo em 1985, ingressou na magistratura em 1995. Era mestre em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (2018) e especialista em Direito Processua Civil pela IMED, de Passo Fundo (2009). Em 2017 ingressou no Núcleo de Estudos de Direito Internacional da AJURIS - Escola da Magistratura como vice-coordenadora. 

 

Atuou boa parte da carreira na terra natal, Carazinho, entre 2002 e 2024, onde foi titular da 2ª Vara Cívil, Juiza Eleitoral e até presidiu o Fórum local. 


Em 2007, em uma decisão inédita em nível de pais, a então magistrada determinou que a Polícia Militar impedisse o avanço de marchas ligadas ao Movimento Sem-Terra que rumavam para Coqueiros do Sul - onde pretendiam ocupar a Fazenda Coqueiros em protesto pela reforma agrária. Eles foram proibidos de ingressar na comarca de Carazinho. Pelotões da BM bloquearam os acessos em Sarandi, Tamandaré, Não-Me-Toque, Coqueiros do Sul e Santo Antônio do Planalto. 

 

A decisão de Marlene, atendeu, na época, ao pedido do Ministério Público Estadual, sob o argumento de que o confronto entre manifestantes e produtores rurais seria "inevitável, acarretando sério risco para a vida de crianças e adolescentes".

 

Outra ação marcante da época que atuou em Carazinho foi a realização de audiências crioulas, durante as programações da Semana Farroupilha, como forma de marcar as festividades gaúchas também na Justiça. As audiências eram realizadas nos CTG's anfitriões das festividades e boa parte das intervenções era declamadas em versos gauchescos, inclusive a sentença. Nestas ocasiões, outro importante personagem carazinhense participou, o advogado, poeta e historiado Odilo Gomes, que geramente atuava como defensor do requerente da ação. 

 

Em novembro de 2023, ela anunciou a aposentadoria. "Na certeza do dever cumprido, ingresso em nova fase, a da aposentadoria. Depois de ter experenciado os dois lados dos balcões dos fóruns aprendi algumas lições, especialmente, da expectativa das partes e dos advogados, das angústias das famílias que aguardam a tramitação dos processos. A partir disso, assumi a magistratura em novembro de 1995. Nesse período procurei dar o meu melhor, em conjunto com a minha equipe de trabalho, sempre atenta, prestativa e atenciosa e com a colaboração dos advogados", escreveu ela na ocasião, em uma rede social. 

 

O velório de Marlene Marlei de Souza está sendo velado na sala rubi do Memorial Nelson Karling. O sepultamento está previsto para às 16h, no Cemitério Bom Jesus, em Carazinho. Ela deixa esposo, filhos, pai, irmãos, enteados, sobrinhos e demais familiares. 

Data: 05/06/2024 - 09:04

Fonte: Mara Steffens

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