CULTURA

Marcando os 100 anos da Revolução de 1923, seminário da ACL segue hoje (31)

Fotos Mara Steffens/O Correspondente

 

A Academia Carazinhense de Letras - ACL deu início ontem (30) ao Seminário do Centenário da Revolução de 1923. A programação integra um projeto elaborado pela entidade que marca o centenário do último grande conflito armado do Rio Grande do Sul, que teve desdobramentos importantes em Carazinho. O evento segue hoje (31), no CTG Rincão Serrano, a partir das 19h30min.

 

A Revolução de 1923 teve como estopim a eleição para a presidência do Estado do Rio Grande do Sul (atual cargo de Governador), em novembro de 1922. Joaquim Francisco de Assis Brasil foi derrotado por Antônio Augusto Borges de Medeiros, que concorria à reeleição.

 
A oposição questionou o resultado do pleito, ocorrido antes da criação da Justiça Eleitoral, e, após a posse de Borges de Medeiros, em janeiro de 1923, iniciou a guerra. Carazinho teve papel preponderante neste que foi um dos principais conflitos entre os gaúchos. 
 
A primeira noite de seminário, começou com a fala da patroa do CTG, Cristiane Teixeira, que destacou que a entidade está honrada por sediar o evento. A presidente da ACL, Ilse Ana Piva Paim, fez a abertura oficial. "Abre-se uma lacuna para registrarmos nossa história.Grandes homens construíram este caminho. Registrar de forma oral e escrita é nosso dever de todos pois somos aquilo que constantemente vamos conhecendo", declarou. 
 
A primeira palestra foi proferida pelo professor José Nevton Sperry, dono de um arcevo histórico invejável sobre a formação da região. A escolha do CTG Rincão Serrano para o evento não foi aleatória. Ele começou falando justamente sobre isso. "Peri Sampaio de Pádua, um dos primeiros patrões do CTG lutou na revolução, junto com o pai, Salustiano Sampaio de Pádua. Ele nomeou uma comissão para a compra de um terreno para a construção da sede da entidade. Na época, era um capão de mato que faz parte da história. Aqui, em 1923, eclodiu o movimento de rebeldia contra a eleição de Borges de Medeiros á governança do Estado. Hoje, existe um mato na sede que registra este fato histórico", narrou o historiador. 
 
Sperry recordou que divulgou em 1998, no antigo jornal Diário da Manhã, a colocação de uma placa de bronze, junto ao CTG, fazendo referência a este momento histórico e o monumento foi furtado. "Dizia a placa, comemorativa ao cinquentenário da Revolução: Aqui as forças patriotas de Mena Barreto e Salustiano de Pádua deram o grito inicial da Revolução de 1923. Homenagem de Carazinho ao Cinquentenário ao feito épico", colocou Sperry, lembrando que na época, Carazinho foi chamada provisoriamente de Assisópolis, em referência à Assis Brasil, que havia sido derrotado nas eleições. 

 

O escritor Ervino Vogelmann usou a palavra em seguida, dando detalhes do desenvolvimento do projeto, como entrevistas com descendentes de pessoas que participaram do conflito, o desenvolvimento de atividades com estudantes, a colocação de placas em locais marcantes da revolução, entre outros. Ele também é autor da obra "O Cortador de Cabeças", inspirado em um soldado degolador, apoiador do império. A história é ficcional, mas se passa naquela época e em locais conhecidos da comunidade, como o Hotel Liberal, no Largo 3 de Outubro, prédio que ainda está preservado, mas ocupado atualmente por estabelecimentos comerciais. 

 

"A notícia da nova revolução, faz ressurgir um lendário soldado imperial brasileiro e que, durante o último levante, acontecido em 1893, foi motivo de terror aos seus inimigos. A sua valentia e a destreza na luta com a adaga, foi responsável por uma multidão de republicanos, moribundos e decapitados nos confrontos. Ele, como todo o valente daquele tempo, desejava lutar pelos seus ideais. Porém, ainda nutria o desejo de vingança para com os responsáveis pelo assassinato de seus familiares. Estes, fortuitamente, alistados nas forças governistas. Esta é a estória dos derrotados. Tudo isso, revelado através do diário encontrado pelo acaso, no interior do quase centenário, Hotel Liberal", diz Vogelmann, na sinopse do livro. 

 

A programação segue hoje com a fala do escritor Adari Francisco Ecker, que fez ampla pesquisa sobre a revolução e traz todo o contexto histórico em um livro que está sendo lançado durante o seminário. Também participam Alex Antônio Vanin e Djiovan Vinícius  Carvalho, que tratam do cerco à Passo Fundo durante a Revolução e  Fabiana Beltramim da Silva, que fará uma análise sobre uma produção fotográfica do tema. 

Data: 31/01/2024 - 07:57

Fonte: Mara Steffens

COMPARTILHE