SAÚDE

Com expectativa de triplicar faturamento, restaurante do HCC ajudará a custear atendimentos do SUS

Foto Divulgação

 

O Hospital de Clinicas de Carazinho - HCC passou por várias transformações em 2023, uma delas o próprio nome da instituição que até a assembleia geral que reelegeu Jocélio Cunha presidente era "de Caridade". "Foi um ano intenso, que entra para a história do hospital, por várias situações, mas principalmente pelo resultado da nossa assembleia, quando conseguimos fazer o reposicionamento de marca e aprová-la por unanimidade", comentou o gestor, em entrevista para O Correspondente. 

 

Além disso, as mudanças que a diretoria está conseguido entregar à comunidade são significativas. Recentemente, quando Azelar Kissmann assimiu a direção - e Cunha era vice - havia precariedade na hotelaria e a demanda por profissionais médicos não atendia a expectativa regional. A direção então resolveu pensar na transformação. "Nos cercamos de pessoas que tem relevância na sociedade de Carazinho para que estivessem conosco. Começamos a sensibilização da classe política para que pudessemos fazer as melhorias no hospital. Hoje temos reconhecimento da instituição, em nível de Estado, a frente das demais pelo ganho em infrastrutura. É claro que se tem dificuldades e aí pode advir algum descontentamento da população por um atendimento ou outro, mas trabalhamos para minimizar isso", comenta.

 

Em 2023, começou o projeto de reforma da parte frontal do hospital, que inclui o setor de internação, acesso e um restaurante. "Me incomodava muito não poder receber os pacientes de forma adequada. Não tinha o básico. O paciente entrava ou saía do hospital tomando sol e chuva. Então pensamos num projeto de uma cobertura, para que as pessoas pudessem chegar e sair com tranquilidade. Além disso, ampliamos a recepção e a internação. Paralelo a isso, mantemos a nossa capela, que era a menina dos olhos do padre Gheno que foi alguém muito importante para a instituição. Era dedicado ao hospital", declarou Cunha, revelando que provacado pelo religioso durante uma missa, externou sobre os projetos que estavam sendo desenvolvidos no HCC, o que fez que com que uma pessoa da comunidade doasse recursos que foram usados para adquirir materiais para o setor de urologia. 

 

Neste mesmo projetos, está previsto um restaurante que dará lugar a atual lancheria que possui 34m². O novo espaço terá quase 300m², 74 lugares para as refeições e será aberto a comunidade, inclusive à noite, até às 23h. "Nosso foco não é o restaurante, mas ele será muito importante porque nos trará um retorno muito importante financeiramente, o que permitirá que investimos nos atendimentos do SUS. Só para se ter uma ideia, a atual lancheira se aproxima de um faturamento de R$ 2 milhões por ano. A ideia com o restaurante é triplicar este valor", salienta o presidente. A inauguração deste projeto está prevista para fevereiro. 

 

As melhorias na hotelaria, sempre em parceria com a iniciativa privada ou pessoas da comunidade, não param. Atualmente são quatro leitos passando por reformas. "Nos últimos dias, três pessoas nos procuraram para fazer uma doação. Antes precisávamos buscar as pessoas, hoje é uma corrente do bem, as pessoas estão vendo e querendo contribuir. Quando terminarmos estes quatro, mais três serão reformados. Uma reforma integral, que proporciona tudo novo, gira em torno de R$ 80 mil", enaltece. Neste sistema, ocorreu também a reforma da recepção do centro cirurgico, cuja inauguração foi acompanhada pelo Correspondente e você poder recordar neste link

 

Em janeiro deve ser reinaugurado o setor de endoscopia, com quase 500m², espaço que estava bastante precário. Com tantos avanços, as emendas parlamentares são fundamentais, de acordo com Jocélio Cunha. A reforma da parte frontal, por exemplo, é toda viabilizada com o encaminhamento de valores. Durante o ano, o HCC recebeu cerca de R$ 7 milhões, destinados por vários deputados federais. Vale ressaltar, que as emendas são enviadas para finalidades específicas. Via Governo do Estado, o HCC recebeu mais R$ 5 milhões para equipamentos para o bloco cirurgicos. "Também já aprovados a referência em alta complexidade para 60 municípios. Aguardamos apenas a referência nacional. Já estamos atendendo a região, mas o recurso ainda não nos foi repassado por falta a aprovação final no Ministério da Saúde, o que deve ocorrer no primeiro semestre do ano", informa o gestor. 

 

Mais avanços

A diretoria do HCC projeta melhorias na emergência da instituição, a viabilização da hemodinâmica e da radioterapia, serviços que ainda não disponibiliza e que nos torna dependentes ainda de Passo Fundo, além de uma UTI cirurgica. "Já estamos vendo o local e nosso arquiteto, especializado nisto, está providenciado o projeto para que possamos ir atrás de recursos. Nossa ideia é fazer atrás da emergência, que será melhor estruturada. A UTI cirurgica ficaria anexa. Depois, precisamos batalhar pelos profissionais e no futuro pleitear UTI neonatal e pediátrica. Isto está no nosso planejamento. O detalhe é que o Estado não está habilitando para esta área, embora a dificuldade das famílias seja grande", resume Jocélio Cunha. 

 

Jocélio Cunha, presidente do HCC (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

Malabarismo para dar conta da demanda

Embora os avanções são notórios, ainda existe muito dificuldade para garantir os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde - SUS, o que não é realidade apenas de Carazinho, mas de todas as casas de saúde filantrópicas. "No hospital ou é 8, ou 80. Sofremos muito com o atendimento pelo Sistema Único de Saúde, que é 80% dos nossos atendimentos e nos demanda déficit financeiro robusto, uma vez que estamos desde 2005 sem reajuste na tabela e esta é a realidade de todas as instituições filantrópicas. Para se ter uma ideia, a dívida do setor só no Rio Grande do Sul se aproxima de R$ 40 bi. O Governo Federal - e não é só o que está aí, mas os anteriores também - fez a opção de trabalhar estes recursos que são essenciais para a Saúde repassando para os parlamentares como emenda, ao invés de reajustar a tabela. Então vai chegar um momento que vamos ter que mexer nisso ou os hospitais entrarão em colapso", analisa o presidente. 

 

Neste contexto, ele frisa que o olhar da gestão municipal é importante porque tem garantindo o andamento dos atendimentos, visto que Carazinho possui a chamada gestão plena em saúde. "Hoje, para fazer uma endoscopia, na rede privada, é algo em torno de R$ 700. O SUS nos remunera com R$ 27,13 - considerando equipe, medicação, sedação, de 3h a 4h de internação. As pessoas não sabem disso. A nossa emergência é outro exemplo prático. Por cada atendimento realizado, recebemos algo em torno de R$ 22,00. Se o paciente precisa de medicação, isto não repõe, imagina se ele precisar de um raio-x, uma tomografia, uma ressonância, o que é bem recorrente, inviabiliza o atendimento", relata o presidente. 

Data: 30/12/2023 - 14:21

Fonte: Mara Steffens

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