ECONOMIA
Economista analisa efeitos do novo salário mínimo
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O novo valor do salário mínimo - de R$ 1.320,00 - entrou em vigor ontem (1º). O Congresso Nacional aprovou o reajuste em dezembro, como forma de compensar a desvalorização do real diante da inflação do último ano. Em 2022, o valor era R$ 1.212,00, o que significa que o incremento foi de R$ 108,00
O governo Bolsonaro chegou a propor R$ 1.302,00, mas durante os debates no Congresso Nacional, a Consultoria de Orçamento do Senado apontou que o valor proposto seria suficiente apenas para repor as perdas inflacionárias do período, não representando nenhum ganho real para quem tem sua fonte de renda atrelada ao mínimo. Depois disso, senadores e deputados federais aprovaram o Orçamento Geral da União para este ano com o mínimo de R$ 1.320,00.
O reajuste com 2,7% de ganho real, ou seja, superior à inflação do último ano, ampliará as despesas federais em cerca de R$ 6,8 bilhões. Isto porque as aposentadorias administradas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e vários benefícios sociais e trabalhistas, como o seguro-desemprego, abono do PIS/Pasep, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e outros, são atrelados ao piso nacional, tendo que ser corrigidos.
Para o economista Ervino Vogelmann o reajuste é interessante para a economia brasileira e privilegia a camada mais sensível da população, aposentados, quem tem benefícios. “Vem numa boa hora e será importante para recuperar a dignidade das pessoas. Economicamente, o salário mínimo, ainda que o aumento é de R$ 108, teve aumento muito acima do patamar da inflação. Então trabalhadores, aposentados que tem esta remuneração, terá um aumento real de 3%”, reflete.
Conforme Vogelmann, cerca de 30% da massa trabalhadora brasileira recebe um salário mínimo. “Poder dar um aumento, mesmo que pouco, mas significativo, é importante. Até porque ele vai impactar na economia nacional. Vai colocar em circulação mais de R$ 7 bilhões, sem falar do sistema financeira nacional que fará que este volume terá um efeito multiplicador. Se circular apenas uma vez, passando de uma mão para outra há duas movimentações. O reflexo é de R$ 14 bilhões. É muito significativo para uma economia como a nossa, com todas as dificuldades da pandemia”, analisa.
Além disso, Vogelmann ressalta que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE indica que 90% dos trabalhadores recebem até R$ 3.500, o que ainda é pouco para se manter uma família. “Poder aumentar o salário mínimo é fundamental. 3% de ganho real é um índice extraordinário. Sabemos que o aumento irá inflacionar os impostos dos microempreendedores, mas segue sendo importante porque beneficia uma camada da população que está prisioneira do salário mínimo, Além de ser um impacto econômico, tem o social, pois as famílias podem melhorar sua questão financeira, comprar mais alimentos”, menciona.
Por fim, o economista lembra que os valores circulam imediatamente na economia. “O importante disso tudo é que estas pessoas que ganham o mínimo, ou até a parcela que ganha até R$ 3.500 não consegue poupar. Então é um dinheiro que é injetado diretamente. No dia que recebe, já vai as compras. Qualquer renda que é colocada a mais nas mãos das famílias sempre é muito bom”, concluiu.