GERAL

Lideranças negras de Carazinho refletem sobre o 20 de Novembro

Fotos Divulgação/Arquivos Pessoais

 

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, foi instituído oficialmente pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares – situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco.

 

Foi esta data que motivou membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, em um congresso realizado em São Paulo, em 1978, a elegerem a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos que os afro-brasileiros reivindicam. Com isso, o 20 de novembro tornou-se a data para celebrar e relembrar a luta dos negros contra a opressão no Brasil.

 

A data traz várias reflexões a cerca do tema. O professor Valdir Leonardo Rodrigues, o Jamaica, presidente da Fundação Cultura de Carazinho - FUCCAR, menciona que o ideal seria não ter que existir uma data para que se pense na igualdade entre as pessoas. "Nossas lutas são diárias e este movimento, que não somente meu, vem dos antepassados e perdura até hoje. Apesar que esta reflexão já ocorre entre o povo preto, em sua grande maioria, e uma das questões é o preconceito, da acessibilidade do nosos povo de modo geral. Sabemos que é uma caminhada longa. Muitas pessoas tiveram que morrer por isso. Meu pensamento é que quem sabe nem eu verei a grande mudança, porque são passos lentos. Costumo dizer que devagar também é pressa. Não podemos deixar de falar sobre este assunto porque às vezes as pessoas se milindram para falar, dizendo que não enxergam o preconceito que a gente tanto fala. Mas quem pode falar é quem sente, o preto. Por isso sempre procuro questionar, quandos aos privilégios", reflete ele, acrescentando que a luta não é somente dos negros. "Não foi algo criado por nós. Sempre pergunto e você como se sente em relação a isso? Por mais que se argumente que foram os antepassados que fizeram. Sim, também foram meus antepassados que sofreram com isso e por isso eu ainda acabo recebendo esta carga e, de certa forma, os privilégios ainda continuam. Então é uma batalha que deve ser encarada de forma conjunta, não somente do preto", argumenta. 

 

Mãe Carmem Holanda, socióloga e  Yalorixá, chama atenção para a consciertização. "Precisamos nos conscietizar sobre a força e a contribuição dos povos negros na formação em todas as pareas do país em que viemos escravizados. Que esta consciência incentive ao respeito, à empatia, o reconhecimento e a igualdade. Que possamos nos dar as mãos para derrubar esta muralha do racismo, da discriminação que nos achata e nos mata todos os dias. Unidos, os brancos, os negros, os amarelos, juntos contruiremos uma nova nação, na igualdade de direitos, jsutiça social e respeito às diferenças, porque somos iguais, mas também diferentes no nosso fazer social, religioso, cultural e familiar", salienta. 

 

O professor Clovis do Nascimento foi reconhecido pela luta contra o preconceito com o Prêmio Zumbi dos Palmares, no Legislativo, ontem (20). "É uma satisfação grande - não que a gente eteja a procura de homenagem, mas o importante é o trabalho que contribui para melhor a questão da segregação racial, e acho que está mudando. As leis estão mais severas e as pessoas têm que partir para a igualdade. A gente, enquanto negros, não queremos ser melhor que os demais, mas exigimos igualdade, equidade em tudo. Acho que vem melhorando", avalia. 

 

Um dos pontos que Nascimento aponta como evolução é a consciência do próprio negro, em buscar o seu espaço. "Nós, negros precisamos bsucar nossa voz. E assim vamos melhorando, as leis estão vindo para auxiliar, as cotas para facilitar o acesso... Procurávamos por isso, pelo menos na minha visão. Mas entendo que ainda é preciso evoluir muito", diz ele, chamando atenção para outras personalidades de Carazinho que merecem a distinção. "Hoje fui eu, mas é preciso chamar os demais também. O que se quer é ser igual. Vamos trabalhar pela equidade e defender isso", finaliza. 

Data: 21/11/2023 - 15:44

Fonte: Mara Steffens

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