POLÍCIA

Inquérito policial sobre tragédia está concluído

Foto Mara Steffens/O Correspondente

 

A delegada de polícia Rita de Carli remeterá ao Judiciário o Inquérito relativo ao incêndio no Centro de Tratamento a Dependentes Químicos – CETRAT, ocorrido em 25 de junho de 2022. Na ocasião, 11 pessoas morreram, a maioria no local. Em entrevista ao Correspondente, a titular de Delegacia de Polícia destacou que este foi o caso mais complexo em que trabalhou na carreira e que as marcas da tragédia ficarão para sempre na memória da comunidade.

Ela conseguiu encerrar o inquérito com a emissão do laudo do Instituto Geral de Perícias, ainda em dezembro. O documento, segundo ela, diz que o fogo começou no dormitório e foi causado por um “corpo ignescente sobre material combustível presente nos dormitórios a direita e posterior onde se deu o foco inicial do incêndio”, o que significa que as chamas começaram a partir de um artefato como isqueiro, fósforo, vela ou cigarro, ou algo semelhante.  A delegada disse não ser possível concluir se houve intenção. “Não tem como dizer se foi de forma acidental, dolosa ou culposa. Começou no dormitório e se propagou pelo restante do prédio. Foi tarde da noite. Os internos dormiam e o que se percebeu é que quando se acordaram o fogo já tinha tomado conta da área da recepção e não tiveram mais como sair. As janelas eras basculantes e havia uma única porta”, narra Rita De Carli, confirmando que o inquérito será remitido sem indiciamentos.

Segundo ela, o monitor Deive da Silva, que morreu no Hospital de Caridade de Carazinho – HCC em decorrência das queimaduras dormia num quatro próximo da secretaria. “Quando se deu conta do incêndio ele tentou sair para abrir caminho e se queimou todo, morrendo depois. Pelos depoimentos que colhemos não acreditamos que alguém possa ter colocado fogo de forma proposital. Não tem lógica. Foi um acidente. Tinha papel, roupa e o fogo foi aumentando e quando se deram conta as chamas estavam alta e a saída era impossível. Os extintores também estavam perto da entrada e não foi possível acessá-los”, relata.

Das quinze pessoas que estavam no local na noite do incêndio, 11 perderam a vida. Havia pelo menos um interno no porão, que escapou sem ferimentos. Outros conseguiram entortar uma das janelas basculantes e pular do segundo andar. “Um dos sobreviventes disse em depoimento que quando perceberam o fogo tentaram sair, mas o corredor estava tomado de fumaça. A alternativa foi então sair pelas janelas, mas a maioria não conseguiu”, informa.

Rita de Carli reforça que todos os alvarás e licenças exigidas para a manutenção das atividades do CETRAT estavam em conformidade com a legislação.

O incêndio no CETRAT tirou a vida de Idemar dos Reis, Sebastião dos Santos, Deive Dea Silva, Adair José Langaro Nascimento, Avelino Timm, Cesar Dutra de Andrade, Gilberto Almeira de Oliveira, Gilberto Soares dos Santos, Luciano Serafim Lemos, Oscar Duranti e Luiz Eduardo Ribeiro. Depois do fato, a polícia civil iniciou processo para identificar as vítimas, coletando DNA dos corpos e de familiares. Seis meses e dezesseis dias depois do fato, uma delas ainda aguarda confirmação. A delegada informa que houve um pouco de dificuldade de encontrar familiares aptos a fazer a coleta.

A delegada informou ainda que a horta que havia no CETRAT e funcionava como uma das atividades integrantes do processo de reabilitação dos internos segue sendo mantida por uma das pessoas que frequentava o local. Para ela, este é um indicativo de que o local possa ser reconstruído e o trabalho de recuperação que era feito no local, e que já beneficiou dezenas de famílias possa ser retomado.

Data: 10/01/2023 - 15:25

Fonte: Mara Steffens

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