SAÚDE

Anelise Almeida avalia os quase sete anos a frente da secretaria da Saúde de Carazinho

Foto Mara Steffens/O Correspondente

 

Quase sete anos. Este foi o período em que a secretaria da Saúde de Carazinho foi comandada pela enfermeira Anelise Schell de Almeida. Ela deixa a função no dia 6 de outubro, por vontade própria, e voltará às atenções para os empreendimentos da família.

 

Ela será substituída pela servidora Ana Elisa Pádua. Sempre atenciosa com a imprensa, Anelise recebeu O Correspondente nesta semana para falar do trabalho a frente de uma das secretarias de mais demanda do serviço público municipal e que enfrentou um desafio inimaginável a partir de 2020, uma pandemia que causou mais de 300 mortes na cidade. 

 

A evolução da secretaria, inclusive tecnologicamente, foi um dos aspectos destacados por ela como postivios da sua gestão. Ela considera que em 2017, quando ingressou na pasta, Carazinho ainda tinha aguns atrasos quanto ao sistema de operação, estrutura das unidades, formação de equipes - com dificuldade de encontrar médicos e até recepcionistas e servidores da limpeza. "Muitos municípios já utiizaram prontuário eletrônico e nós tinhamos um computador por unidade. Não tinhamos nem como começar a fazer. Tivemos de reformar as unidades equipá-las", recorda. 

 

Em seguida veio a abertura da UPA e no mesmo ano ocorreu o fechamento do ambulatório municipal e a troca de endereço do Centro de Especialidades Médicas, que até então funcionava em um prédio de três pisos na equina da Avenida Pátria com a Barão de Antonina e que não possuía condições adequadas de atendimento, inclusive de acessibilidade. A estrutura acabou demolida e deu lugar a um novo prédio comercial. 

 

Com a necessidade de reforma do prédio da secretaria, que até então comportava quase todos os departamentos, a pasta foi para espaços alugados, também em um prédio comercial na esquina da Pátria com a Barão de Antonina. Além do administrativo, lá funcionam CEM, SAE, farmácia básica, que enfrentava problemas com a refrigeração de medicamentos no antigo endereço.

 

Algumas unidades básicas como Pádua e Princesa foram reformadas. O bairro Medianeira ganhou um novo prédio e o Floresta será o próximo. A unidade do Sassi está em tratativas jurídicas para que possa ter andamento. 

 

Pandemia de Covid-19

O que era para estar resolvido em 15 dias, demorou dois anos. A pandemia de Covid-19 foi um verdadeiro desafio para a humanidade. Garantir atendimento, exames, leitos em hospitais, orientar a população para que o contágio fosse evitado estavam entre as tarefas dos gestores. Depois, operacionalizar a aplicação das vacinas, que formou grandes filas nos locais de aplicação e depois foi rejeitada pela população, com a diminuição significativa da procura, muito pela disseminação de fake news. "Eu não esperava enfrentar uma pandemia. Estamos sempre estudando, sou professora de epidemideologia, sempre falamos de gripe espanhola, de H1N1, que nos assustou, mas não foi nem perto do que foi a Covid-19. H1N1 teve nove óbitos, logo tivemos o Tamiflu como alternativa de tratamento e não tinhamos tanta internação. Para Covid-19 não temos até hoje um medicamento. Usamos paleativos, temos a vacina para amenizar, mas foi muito complicado",

 

Novo prédio

Programado pra estar concluído no fim de outubro, o prédio antigo da secretaria terá de volta a Vigilância em Saúde, ao lado da emergência do Hospital de Caridade de Carazinho. "Foi um pouco demorado, mas vai valer a pena. Para lá voltará o laboratório, a central de vacinas e as vigilÂncias sanitária, ambiental e epidemiológica, que hoje estão em espaços locados. Em 2017 estavamos todos (departamentos e serviços) amontoados no prédio antigo. Não havia condições de atender a população e de os servidores realizar um bom trabalho", apontou Anelise, ressaltando que os serviços que estão no atual prédio da secretaria permanecerão naquele endereço. 

 

Outras melhorias que ela deixará encaminhadas são a mudança do CAPs Infantil, que funciona hoje junto a ESF VIla Rica, para a Rua Ernesto Alves, perto do atual endereço da Vigilância Sanitária e Ambiental. A troca centralizará a unidade, facilitando o acesso, pois a reclamação de muitos usuários era a distância do deslocamento para a Vila Rica. 

 

Entre os sonhos da secretária é a construção de um prédio própria para o CAPS adulto e para alocar o CAPS AD. "Tem muitas políticas púbicas novas chegando e que com certeza teria vontade de colocar no nosso município, entre elas uma equipe de atendimento domiciliar. Gostaria que isso pudesse andar. Neste período fizemos bastante coisas, mas algumas ainda precisam andar. Temos muitas propostas encaminhadas, o que se espera é que isso ande", apontou. 

 

Prédio da secretaria da Saúde passa por reforma (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

Containers 

Até o fim de outubro devem estar aptos a utilização os containers adquiridos para realização de atendimento no inteiror, nas localidades de São Bento e Pinheiro Marcado. Uma unidade semelhamente será colocada no pátio do Presídio Estadual de Carazinho, o que já foi autorizado pelo Estado. O objetivo é atender a população carcerária com mais segurança e evitando a saída dos presos para unidades fora do presídio. 

 

Política

É a segunda vez que Anelise Schell de Almeida comanda a secretaria da Saúde. Ela havia sido a gestora da pasta durante a gestão Ayton Magalhães e Alexandre Capitânio - na época ambos era do Partido Progressita - entre 2009 e 2012. Ela não é filiada a uma sigla partidária e diz que não tem pretenção de concorrer a um cargo eletivo. Ressalta que a aceitação do convite ao prefeito Milton Schmitz foi por entender que poderia contribuir tecnicamente para gestão. "Não é um desejo mesmo. Estou num cargo para um trabalho técnico. Acho que sempre vou ajudar nas políticas públicas, não como política. Hoje não é uma pretensão, mas nunca fecho as portas para o futuro", salientou. 

 

Na sessão legislativa de segunda-feira (25), diante da presença de Anelise no plenário - ela explanou na Tribuna Livre sobre a importância da doação de órgãos - vários vereadores elogiaram a atuação dela na gestão e expressaram desejo de que ela ingressasse na política. 

 

Aceitação da comunidade

O nome da Anelise é bem aceito pela comunidade, tanto que atuou por tanto tempo a frente da secretaria e a saída é por vontade própria. "Eu fico muito feliz. É claro que não se consegue agradar a todo mundo, nem é papel do gestor isso, mas sabemos que a população precisa ser atendida. Quando as equipes têm esse olhar para o usuários, que é preciso atender bem, o resultado é este. AS pessoas gostam de ir na unidade, e que bom. Sinal de que elas têm resultividade. Vejo também que o trabaho técnico que é feito é bem aceito", analisa a secretária. 

 

Sobre um possível retorno à pasta, em 2024, Anelise disse que se colocou a disposição do prefeito para auxiliar em caso de necessidade, afinal de contas, durante todo o período de atuação, sempre teve carta branca para cuidar da secretaria da Saúde