ESPORTES

Witches Ball: um sonho que alcança o Estado

Foto Divulgação

 

Esta é uma história de amor pelo esporte e começa há vinte anos, com algumas meninas moradoras da Vila Rica, em Carazinho, que gostavam de jogar futsal se reuniam na quadra do CTG Pedro Vargas para esta finalidade. Carina Borges e mais algumas amigas limpavam a quadra em troca de um tempo para jogar. Aos poucos o time foi ganhando reforços. A fixo Fabíola Carrão entrou dois anos depois. Morava no bairro Santo Antônio, na época, e ia de bicicleta para o treino. Houve um período em que o horário disponível era entre meia noite e 1h, mas elas não se intimidavam. Iam, mesmo tarde da noite, pelo prazer de jogar.

Mas se fazer esporte amador é difícil, imagina este esporte ser para mulheres. O apoio financeiro é baixo porque a visibilidade é bem menor em relação aos homens. Até hoje, as Witches disputaram somente competições amadoras, como campeonatos municipais e torneios de mata-mata. Em alguns, a inscrição não valeu a pena porque o custo era alto e por ser eliminatório, corria-se o risco de ficar de fora logo nas primeiras partidas. Mesmo assim, a equipe disputou taças em diversos municípios da região: Santo Antônio do Planalto, Tio Hugo, Não-Me-Toque, Coqueiros do Sul. Geralmente chegam entre as quatro melhores agremiações. Em Carazinho são as atuais campeãs da Copa Cidade de Carazinho de Futsal, que está na segunda edição.

Mesmo com pouco apoio, elas não esmorecem. Seguem pedindo ajuda para produzir fardamento, para viabilizar as inscrições, até para conseguir a água que as jogadoras consomem durante as partidas. Além de tudo isso, elas precisam conciliar a vontade de jogar com as questões pessoas. Muitas atletas do Witches – e esta não é uma exclusividade só delas – são mães. Enquanto jogam, precisam que alguém olhe pelos filhos. Em vários casos, estes cuidadores precisam ser remunerados.

Agora elas se propõem um desafio ainda maior. Estão inscritas na Série Prata da Liga Sul Riograndense de Futsal. A ideia partiu das próprias jogadoras, que vislumbrando as competições masculinas, procuraram Carina para saber se existia a possibilidade da participação. “Foi aí que vi a Liga e procurei o Fabio (Costa, o presidente) que me explicou como funciona. A inscrição é R$ 350, mas o diferente é que temos de arcar com a taxa de arbitragem, R$ 250 por jogo. Decidimos que vamos para a Prata. Para nós é algo muito diferente, muito maravilhoso. Elas (as atletas) estão empolgadas”, conta Carina.

As Witches terão de convencer a comunidade a abraçar a causa, afinal de contas, será necessário produzir um novo fardamento e arcar com despesas como transporte e alimentação para os jogos que ocorrerão fora de Carazinho. A primeira fase é um quadrangular, e na chave das carazinhenses estão equipes de Espumoso, Iraí e Santa Maria. A sede dos jogos será definida em sorteio. A ideia da equipe é contar com a Fundescar como local dos seus jogos. “O futsal feminino tem pouco apoio e escutamos coisas do tipo “ah, mas é feminino, não tem tanta repercussão”. Os atuais patrocinadores são quase todos de fora”, salienta.

Quando o time faz promoções como cachorro quente, tenta angariar doações de ingredientes para baixar o custo, mas nem sempre dá certo. “Muitas vezes precisamos tirar do valor que conseguimos para pagar as despesas, então sobra menos”, coloca Fabíola. “O masculino é bem diferente. Onde se vê os jogadores de fora vir jogar de graça? Não tem isso. Tem meninas de Sarandi, de Chapada que vem jogar conosco sem receber nada”, acrescenta Carina.

Os treinos são aos sábados, na Fundescar, mas a ideia é ampliar a preparação. Como existe a possibilidade de inscrever até 25 atletas, a comissão técnica busca reforços. As Witches estão na chave C, com Nãn Ga FC (Iraí), Grupo de Atletas Futsal Feminino (Espumoso) e Audax (Santa Maria).

Data: 00/00/0000 - 13:18

Fonte: Mara Steffens

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