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Sindicar comemora 18 anos com palestra de Ronaldo Nogueira

Fotos Mara Steffens/O Correspondente

 

O Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de Carazinho e Região – Sindicar comemorou ontem (25), no Restaurante do Baixinho, os 18 anos de atuação. O evento reuniu associados e personalidades locais, entre elas o prefeito Milton Schmitz, a presidente do Legislativo, Janete Ross de Oliveira, o presidente da Associação Comercial e Industrial, Júlio Eduardo Piva, e o presidente do Hospital de Caridade de Carazinho, Jocélio Cunha. O ex-ministro do Trabalho e ex-deputado Federal Ronaldo Nogueira foi convidado para palestrar sobre o tema “Caminho para o Desenvolvimento”, e foi homenageado pela entidade. Atualmente ele atua na iniciativa privada, em uma empresa de consultoria em gestão sediada em Porto Alegre, onde reside.

 

O presidente do Sindicar, Moises Santos, citou que a reforma trabalhista proposta pelo político carazinhense e aprovada em 2017 trouxe segurança jurídica para as relações de trabalho. “Propomos esta homenagem em razão de que a reforma trouxe segurança jurídica, não somente para os empregadores do transporte, mas de forma geral, não somente nas questões das reclamatórias, mas na forma de trabalho. Infelizmente agora alguns artigos estão no STF sob a alegação de serem inconstitucionais, causando insegurança jurídica. Isso significa que muitos empresários temem investir, o que é ruim para a arrecadação e para a empregabilidade”, destacou.

 

Santos também comentou sobre a chamada Lei do Motorista. De acordo com ele, a legislação incide no aumento do custo do frete em 30%, além de obrigar as empresas a contratar mais para operar os mesmos veículos. “O problema maior está no transporte de passageiros. Para longas distâncias são dois motoristas e a lei diz que você tem que estar com o ônibus parado (no momento de descanso dos condutores). Não tem como você parar um ônibus lotado. Isso vai arder no bolso do passageiro. Antes de fazer precisamos pensar se o que eles querem determinar é viável. Isso é crucial”, criticou.

 

O presidente sublinhou que o transporte tem papel fundamental no desenvolvimento do país e deveria ser mais reconhecido por isso. “Se na indústria chegaram peças, foi um caminhão que deixou. Alguém foi buscar nos grandes centros. O transporte aéreo ainda é pouco explorado. Estamos 90% dependentes, enfrentando péssimas condições de rodovias, pedágios e tantas outras coisas. Nossa entidade tem sido uma força motriz na inovação e na gestão, ampliando as possibilidades para que as empresas consigam desenvolver cada vez mais”, salientou.

 

O prefeito Milton Schmitz lembrou o papel do transporte e da logística no crescimento do município. “Carazinho se transformou a partir da logística. É só olhar 15 anos atrás, o que era o setor e ver o que representa hoje. Duvido que um outro município avançou mais nos últimos anos. Carazinho tinha a 36ª posição do Estado em agregar valor do ICMS. Em 2022 está da 14ª posição. Tem retorno superior a Pelotas, Santa Maria, Erechim, Lajeado, Santa Rosa, Triunfo (que tem polo petroquímico). Carazinho hoje tem município com nível de ICMS agregado maior que estes municípios que têm 300 mil habitantes”, colocou.

 

Referindo-se a Ronaldo Nogueira, Schmitz elogiou a atuação dele como ministro. “Os avanços conquistados por ele garantiram emprego. Mas criaram uma narrativa contrária, diziam que prejudicava o trabalhador quando só gerou oportunidade, com novos modelos de trabalho. Só teve avanços, mas a narrativa negativa prospera”, pontuou.

 

Janete Ross de Oliveira elogiou a atuação do Sindicar na comunidade e o quanto o transporte e a logística traz benefícios para Carazinho. “Hoje temos orgulho de ir a qualquer lugar e ter orgulho de seremos polo logístico, de ter hospital modelo, ter asfalto, quadras cobertas e entidades fortes”, mencionou.

 

A fala do palestrante 

Ronaldo Nogueira propôs uma reflexão quanto aos governos em nível federal desde a aprovação da Constituição de 1988. “Qual foi o saldo? Precisamos despertar a consciência das pessoas que o processo do voto não é emoção, não é disputa. É racional. Você não vota para um ganhar e o outro perder, ou por eliminação. Precisa ser muito consciente. Se formos olhar o saldo destes governos precisamos refletir se fizemos a escolha certa, se nosso voto foi racional. Se nossos representantes foi uma escolha responsável porque aquilo que ele decidir vai produzir um ambiente onde nossos filhos e nossos netos vão viver. Vejo o Brasil com muita capacidade de crescimento e ainda temos 15 milhões de analfabeto, 60 milhões que não tem uma atividade econômica e 40 milhões que vivem na informalidade, mais de 14 mil obras inacabadas, da década de 1960. O Brasil não tem planejamento a longo prazo porque tem capacidade de operar os seus quatro principais modais, mas não consegue se planejar a longo prazo porque as lideranças que escolhemos não pensa na próxima geração, mas na próxima eleição”, argumentou.

 

O ex-deputado federal lembrou que quando assumiu o Ministério do Trabalho, o Brasil vinha de dois anos com PIB negativo. Eram 17 milhões de desempregados e a cada 100 ações trabalhistas no mundo, 85 eram no Brasil. Multinacionais estavam tirando suas plantas fabris para outros países por não suportar mais arcar com as ações. “A modernização trabalhista foi fundamentada em três eixos: proteção de direitos, segurança jurídica e geração de emprego. Não ouve violação de direitos. Eu tenho desafiado que alguém indique um único direito que foi violado pela legislação trabalhista. Só que o empregador estava com medo de contratar porque o custo de uma ação trabalhista era algo que você não conseguia colocar numa planilha porque era algo absurdo. Teve um hospital que tinha uma ação trabalhista por conta da jornada 12/36, que era fruto de acordo coletivo de trabalho, com indenização de R$ 1,3 milhão para um único profissional. Porque o juiz não reconheceu este acordo. Essa era a farra que precisava ser corrigida”, argumentou.

 

Nogueira defendeu que depois da aprovação da reforma, em 2017, os empregos formais aumentaram. “Se vocês pegarem os números do CAGED de 2015 e 2016 você percebe o desemprego acentuado. Depois que a reforma aprovada, de abril, (de 2017) até hoje foram criados mais 6 milhões novos empregos e com todos os diretos assegurados. Lembro que na época aqui em Carazinho semearam que o trabalhador não receberia mais 13º, iria perder férias que o ministro de Carazinho traiu o trabalhador. Tinha até uma faixa em frente a Caixa Econômica Federal com essa frase. Não! O ministro de Carazinho fez a reforma que salvou o Brasil da pior crise econômica da época. Foi o ministro de Carazinho que criou a carteira de trabalho digital; que liberou o saque das contas inativas do FGTS e do PIS Pasep, dinheiro que o Banco do Brasil e a Caixa até então usava para patrocinar várias coisas e nós liberamos para que ele chegasse ao trabalhador; e alterou a forma de remuneração das contas do FGTS e todo ano o lucro é distribuído entre os trabalhadores” assegurou.

 

Por fim, o ex-ministro defendeu que o Brasil possui capacidade de desenvolvimento, mas há necessidade de enxugar a máquina pública. Citando um exemplo, ele falou que o país mantém mais de 200 fundos, que mantém conselhos remunerados e outras funções que não seriam essenciais, quando apenas dois ou três seriam suficientes. "Ninguém no Brasil precisa viver de Bolsa Família", apontou. 

 

Confira abaixo mais fotos do evento.

Data: 26/08/2023 - 09:28

Fonte: Mara Steffens

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