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Cadeia produtiva do mel ganha cada vez mais destaque no Rio Grande do Sul

Cesar de Souza e Valdir Maurer, presidente da UCAPI, manuseando colmeia de abelha sem ferrão (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, lançados em 2021, mostram recorde na produção de mel no Brasil. Foram 55,8 toneladas, 6,4% a mais que em 2020. Dados mais recentes ainda não foram disponibilizados, mas a tendência é que eles sejam superiores, demonstrando o quanto a cadeia produtiva em torno do produto vem crescendo. Neste mesmo cenário, o Rio Grande do Sul é o maior produtor, com 9,2 mil toneladas/ano, seguido do Paraná e do Piauí.

 

César de Souza, produtor de mel, membro da União Carazinhense de Apicultores e Meliponicultores – UCAPI, e representante da Védera Insumos na região, menciona que a produtividade média das colmeias está entre 20 e 25Kg por ano. Em algumas regiões pode chegar até 40Kg. Um dos fatores fundamentais para que a cadeia produtiva do mel se desenvolvesse foi a dedicação do Padre Emilio Schenkel, que chegou a comandar o Parque Apícola de Taquari, que por muito tempo recebia interessados em aprender sobre o mel e como manter colmeias, justamente para incentivar a produção. O religioso também escreveu livros sobre o tema, que chegaram a ser adquiridos pelos governos e distribuídos.

 

“O Rio Grande do Sul é privilegiado por vários fatores e vem recebendo investimentos, inclusive estrangeiros na produção de mel. A Védera é gaúcha e é a primeira a desenvolver um suplemento para abelhas no Brasil. Em Santa Rosa, uma empresa chinesa vem investindo num sistema integrado como ocorre com os suínos, em que ela fornece os insumos e absorve a produção. Esta estratégia foi adotada porque a China possui restrições no mercado americano, que é o maior do mundo, então precisa ter alternativas para estar em outros países”, informa ele.

 

De acordo com Souza, os americanos também já estão de olho no mercadão gaúcho, tanto que a Gran Rinati está no Estado e em Santa Catarina com o objetivo de comprar mel e frutas.

 

Neste contexto, as abelhas sem ferrão estão cada vez mais populares, pela facilidade de manejo, já que podem ser mantidas inclusive em ambientes urbanos. A média de produção de uma colmeia é satisfatória, mas se comparado com a produção argentina, conforme Souza, existe necessidade de evolução. “Lá a produção pode chegar a 150Kg por ano, mas a nossa abelha é africanizada. A deles é europeia e o manejo é diferente também”, salienta.

 

O manejo das colmeias é um aspecto que o empresário e criador de abelha considera que precisa evoluir. “Estamos evoluindo. A Expointer já possui um espaço dedicado a meliponicultora, a partir deste ano e na Expodireto a UCAPI possui uma parceria para expor abelhas sem ferrão no parque. Estamos conquistando público, tanto que já temos um espaço dentro da Febrac, a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça, inclusive com cadeira ativa e direto a voto nas tomadas de decisões”, comemora.

 

Vale destacar que Carazinho ocupa um espaço importante neste cenário que só cresce. Nos dias 3, 4 e 5 de novembro será palco para o Encontro Abelheiro. Com workshops práticos, oficinas de capacitação e um mega feirão de vendas com as principais empresas do setor, o Encontro Abelheiro é uma oportunidade única para quem deseja aprimorar seus conhecimentos e estreitar relacionamentos com outros criadores de abelhas.

 

Organizado pela Védera e UCAPI, o evento tem como objetivo promover o desenvolvimento da apicultura e meliponicultura no país, fomentando o intercâmbio de informações e tecnologias entre os participantes.

Data: 21/08/2023 - 11:25

Fonte: Mara Steffens

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