CULTURA

Violência doméstica é tema de projeto cultural desenvolvido em Carazinho

Fotos Mara Steffens/O Correspondente

 

O livro Sete Dias, do escritor carazinhense Ervino Vogelmann, conta a história de uma família envolvida com a violência doméstica. A obra foi escolhida pela Governo do Estado, através do financiamento do Pró-Cultura, para nortear um projeto cultural sobre esta temática. A primeira fase do projeto ocorreu na noite de ontem (14), no Sindicato dos Bancários, em Carazinho, com uma roda de conversar que envolveu o próprio autor, do psicóloga Andressa Nascimento e do filósofo Rafael Graebin Vogelmann. "São quatro momento. Um deles é este, da roda de conversa para os adultos e de contação de história para as crianças. A segunda fase são ações de incentivo a leitura, na rua. Já fizemos uma na praça, quando distribuímos o livro, panfletos, dá informações sobre onde as pessoas possam conseguir ajuda em caso de violência. Além disso, também teremos momentos no Presídio, na Associação de Catadores, na Gare e dentro dos ônibus do coletivo urbano", informou Vogelmann.

O debate também chegará às escolas do meio rural. "É um tema relevante e vamos a Pinheiro Marcado e São Bento, que são comunidades que muitas vezes estão isoladas da cultura. Graças ao Pró-Cultura estamos conseguindo fazer isso. Fiquei muito feliz pela escolha livro, o que mostra que a temática é relevante, porque ele passou pelo crivo da da secretaria estadual da Cultura. Não é um projeto grande, mas talvez ano que vem possamos passar mais adiante", salientou o escritor.

 

Sete Dias

Sete Dias é um livro de ficção, mas com uma problemática mais próxima do que se imagina. Agnes é uma mãe de dois filhos agredida pelo marido Erasmo. A história se passa em Assisópolis, nome que Carazinho recebeu durante a Revolução de 1923. "O nome serve para mim como um avatar para colocar a cidade dentro da ficção. Acabamos vendo que o Erasmo tem no passado história de agressão. É uma ficção, mas as bases são todas verídicas. Quando eu li o atlas da violência, em 2018, que durante a década morrem 50 mil mulheres assassinadas fiquei muito impressionado e decidi que eu deveria fazer alguma coisa", mencionou Vogelmann.

 

Psicologia e filosofia

Andressa Nascimento apresentou dados coletados durante sua pesquisa para realização do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC quando da sua graduação. Ela conseguiu entrevistar sete mulheres moradoras de Carazinho e que foram vítimas de violência praticada pelos maridos ou companheiros. Uma situação que chamou bastante atenção é que uma delas foi casada com o agressor por quase 40 anos e só conseguiu sair de casa e romper o relacionamento quando o filho mais jovem chegou à maioridade.

Rafael Graebin Vogelmann fez uma abordagem filosófica, buscando na filosofia algumas explicações para o comportamento das pessoas envolvidas na violência. 

Data: 15/02/2023 - 11:03

Fonte: Mara Steffens

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