CULTURA
Câmara inaugura Espaço para os Artistas Locais
Fotos Mara Steffens/O Correspondente
No fim da tarde de ontem (8), a Câmara de Vereadores de Carazinho inaugurou, no andar térreo, o Espaço Para Artistas Locais. A proposta é oportunizar que quem trabalha com cultura na cidade tenha um espaço para exposições, apresentações, lançamentos e outras atividades afins. A primeira atividade que o local recebe é a Exposição Mulheres, da artista Ilse Ana Piva Paim.
A inauguração coincidiu com o Dia Internacional da Mulher e várias elas, com relevante representatividade estiveram no local prestigiando o ato. Além da anfitriã, a presidente do Legislativo Janete Ross de Oliveira, marcaram presença a prefeita em exercício, Valéska Walber, a primeira dama e secretária de Desenvolvimento Social, Andreia Schmitz, a delegada de Polícia Rita de Carli, e a defensora pública Daniele da Costa Lima. Os vereadores Bruno Berté, Valdoir Lima e Alcindo de Quadros também participaram.
"É um momento muito especial, principalmente porque comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Nós sabemos a importância de ser mulher, ontem, hoje e amanhã. Quando pensamos neste espaço, pensamos em premiar toda a comunidade e iniciar com algo especial, que é as mulheres", destacou Janete Ross de Oliveira. A presidente do Legislativo destacou que as mulheres enfrentam desafios diariamente para dar conta de todas suas atribuições e sempre dão seu melhor. "Nosso objetivo não é competir (com os homens). Não é sobre quem é mais, quem é menos. É sobre ter o nosso espaço, a nossa voz e nossa vez", completou.
Detalhando as obras que colocou em exposição, Ilse Ana comentou sobre um quadro em que pintou uma criança sentada dentro de uma caixa de papelão. Cena que ela mesmo viu, em frente ao um supermercado da cidade. Na ocasião, véspera de ano novo, conforme contou a artista, a criança era usada pela mulher que estava com ela para sensibilizar as pessoas em busca de doações. Tocada, Ilse pediu autorização e fotografou-a, com o objetivo de retrata-la em uma obra. Já em casa, na produção do quadro percebeu que sua própria imagem estava refletida no olhar da menina. Ilse entendeu isso como o reflexo da esperança que ela tem em dias melhores. "Estar aqui hoje é um prazer muito grande. Aqui é a casa do povo e ela ainda não tinha representatividade da cultura e este espaço é fundamental. Temos que fazer o melhor. Somos efêmeros e temos que deixar um pedacinho nosso para os que virão. Estou muito feliz e quero continuar minha caminhada, fazendo o meu melhor, para deixar para as outras gerações", definiu.
Os quadros integram várias séries que a artista pintou ao longo da carreira. Eles contemplam mulheres em várias fases da vida. Também ganhou destaque no local, a obra em que Ilse retrata Tetê, uma moradora do Recanto São Vicente de Paulo, muito conhecida na comunidade. Quando fotografada pela artista, a idosa segurava uma camélia, flor símbolo do abolicionismo. "É a única for que tocamos e 'preteia'. Então, quem somos nós para querer ser mais do que os outros? A Tetê foi abandona pequena no Asilo, é anã, tem retardo mental, sorri e me mostra uma flor. Então é um exemplo do que devemos seguir", salientou.
Outra obra que chama atenção, é o retrato de uma menina indígena lavando as mãos em um pote de margarina, em Passo Fundo. "Outrora eles eram os donos da terra. Hoje dependem de um pote de margarina para lavar as mãos", constatou Ilse.
Está disponível no site da Câmara um edital que oportuniza a inscrição de todos os artistas carazinhenses que tem interesse em ocupar o espaço. A partir das inscrições um cronograma com as atividade será montado.
