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Projeto Papagaio Charão completa 32 anos

Foto Mara Steffens/O Correspondente

 

O professor da Universidade de Passo Fundo, Jaime Martinez, também ocupou a Tribuna Livre do Legislativo, na noite desta segunda-feira (29). Ele é uma das lideranças que deu início ao projeto Papagaio Charão, que estuda o comportamento do pássaro há 32 anos. Outros biólogos envolvidos na iniciativa também estavam na casa. 

 

Martinez lembrou que o projeto é uma parceria entre a universidade e a ONG Amigos do Meio Ambiente - AMA, de Carazinho. "São 32 anos de atividades no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e vamos até Minas Gerais", contextualizou, fazendo uma retrospectiva das mais de 3 décadas dedicadas a um dos símbolos do município, que engajou toda comunidade, em vários segmentos, inclusive na educação e na cultura.

 

O professor citou que de toda floresta de araucária presente no Brasil restam apenas 3%. A madeira foi muito exportada, inclusive de Carazinho. O papagaio charão acabou impactado com este ciclo da madeira. Ele é o menor entre as 12 espécies de papagaios brasileiros. Em 1915, segundo ele, todas as casas da região eram feitas de madeira da araucária. A economia iniciou com esta exploração. Todos os prédios ao longo da ferrovia em Carazinho eram depósitos de madeira vinda de várias partes da região e escoadas a partir da via férrea. 

 

Martinez destacou uma das alternativas para tentar conservar a araucária, depois de tanta extração, foi o plantio do Parque Municipal Alberto Xavier da Cruz. 

 

Na década de 1980, o papagaio charão deixou de ser visto em regiões em que ele geralmente habitava, como em Muitos Capões. Na mesma época, Martinez e alguns colegas iniciavam um estudo em que identificaram um pássaro até então desconhecido deles, o papagaio charão. Uma equipe foi montada para estudar porque Carazinho teria atraído a ave. Foi aí que nasceu a união de UPF e AMA. Em 1991 o projeto foi lançado. Agora já se sabe que Carazinho é um dos locais escolhidos pelo bicho para reprodução, e não para aglomeração. 


O papagaio charão não constroi ninhos. Ele utiliza árvores ocadas para a reprodução. Se não as encontrar, não há reprodução. Um criadouro científicos foi montado na UPF para estudar estes aspectos. A reprodução foi conseguida em cativeiros. Foi realizado também um censo.  

 

O fato de terem abandonado Muitos Capões também foi estudado. Uma grande população foi encontrada na região de Urupema, fato que também movimentouo turismo, sendo que o Município realiza o Festival do Papagaio Charão. 

 

Assim, o projeto descobriu que a ave busca o pinhão para sua alimentação em Santa Catarina e volta ao Rio Grande do Sul para reprodução. Conforme Martinez, depois que os ovos eclodem, os filhotes ficam 50 dias até poder sair. O professor sugeriu que quem puder ir a Urupema ficará maravilhado com a revoada do papagaio charão que ocorre no centro da cidade. 

 

 

 

 

 

O papagaio charão tomou tamanha proporção que está presente em vários segmentos. Foi inspiração para quadros de artistas, como a carazinhense Ilse Ana Piva Paim, para nome de sítios, prêmios de reconhecimento, e música. O poeta Waner Barreto compôs "Acarenciados", música que concorreu na Seara da Canção e foi apresentada na Câmara ontem. Além de Barreto, participaram Miguel Pereira, Fabiano Lengler e Ari Barreto, que também é gestor de uma unidade de conservação em Sarandi, de nome Papagaio Charão. 

Data: 30/05/2023 - 17:42

Fonte: Mara Steffens

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