CULTURA

Contribuições dos imigrantes alemães estão documentadas em livro

Foto Divulgação/Silvana Xaavier/Biblioteca Pública

 

"Narrativas: Imigrantes Alemães em Carazinho e Região - Contribuições sociais e culturais", lançado na semana passada, na Biblioteca Pública de Carazinho, é a obra que registra a presença das famílias que vieram da Europa em busca de melhores condições de vida. O projeto encabeçado pela Associação da Etnia Alemã de Carazinho foi organizado pela professora Nelsi Erhardt. 

 

A ideia surgiu antes da pandemia. Os membros da entidade comentavam da importância de resgatar as origens das famílias de descentes alemães que vivem em Carazinho. Eles entendiam que a história acaba se perdendo se não for registrada. Por conta da Covid-19, o projeto foi protelado até o fim de 2021, quando foi reativado. Já em 2022, veio a ideia de buscar recursos junto ao Sicredi, através do Fundo Social. Foi aprovado e o valor foi investido na produção do livro e para completar todas as despesas a Associação consegiu alguns patrocínios.  

 

Foram editados 500 exemplares. São cerca de 200 páginas e na primeira parte, Nelsi apresenta uma fundamentação histórica da época da imigração. "A gente fala dos alemães, mas são territórios que hoje pertencem a Rússia, a Áustria, e outros locais. Era a grande Alemanha da época que assim como outros países enfrentava uma grave crise econômica e social. Havia muito desemprego e a industrialização causou a fuga das pessoas do campo para a cidade. Era uma situaçao adversa que motivou milhares de pessoas a deixar o local", menciona a professora, acrescentando que o Brasil recebeu penas 10% da massa imigratória da época. 

 

Entre os motivos que levaram o Brasil a receber os imigrantes estava a necessidade da formação de um exército, após o período imperial. Grande parte dos imigrantes foram recrutados para este fim. Junto a eles, vieram alemães de outras diversas profissões como agricultores e artesãos.

 

 

 (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

 

Entre os registros históricos encontrados por Nelsi durante a pesquisa estão documentos datados de 1934 e 1936 que trazem dados sobre Carazinho da época. O terrirório carazinhense era bem maior geograficamente do que é hoje, compreendendo desde as regiões que hoje são municípios de Selbach e Victor Graeff, por exemplo. "Sobre os motivos que fizeram com que os imigrantes viessem para Carazinho estão os ciclos econômicos da mandeira e da banha, produtos que eram exportados para a Europa. Para se ter ideia, um indicador econômico da época mostra que haviam cerca de 160 serrarias registradas, fora aquelas que funcionavam de forma particular. Era incrível como o beneficiamento da madeira funcionava por aqui. A inauguração da ferrovia, alguns anos antes, por volta de 1896, contribuiu muito para isso, já que o trem levava para o mercado interno e para os portos os produtos que saiam daqui", aponta Nelsi. 

 

Também segundo ela, o ponto inicial da chegada dos imigrantes a Carazinho seria a Colônia Dona Júlia, mas não há registros extatos de quantas famílias vieram no primeiro momento. Alguns defendem que seriam em torno de 100. 

 

Em outra parte do livro, a organizadora da obra elenca narrativas de famílias de descentes. "É a tradição oral que vem através das gerações. É importante fazer este registro porque uma história que não é contada desaparece. Assim preservamos a memória dos nossos ancestrais", justifica. 

 

O livro pode ser adquiriro a R$ 30,00, na livraria paroquial, na Dica Livros, na Papelaria Rio Branco, em alguns supermercados e na secretaria da Comunidade Evangélica (ao lado do Colégio Rio Brabosa). 

 

Data: 16/05/2023 - 09:26

Fonte: Mara Steffens

COMPARTILHE