EDUCAÇÃO

Em encontro inédito em Carazinho, Estado debate educação com lideranças indígenas

Foto Mara Steffens/O Correspondente

 

A secretaria Estadual de Educação - SEDUC está percorrendo o Rio Grande do Sul para encontros com representantes das escolas indígenas a fim de averiguar a realidades dos educandários, os anseios, os projetos que estão sendo assertivos e os que precisam ser ajustados para melhorar a qualidade do ensino para as comunidades indígenas. O encontro inédito em Carazinho, para a região compreendida pela 39ª CRE, ocorreu ontem (13), na Escola Estadual Cônego João Batista Sorg. 

 

Na região são cinco escolas indígenas, duas em Constantina, duas em Ronda Alta e uma em Carazinho, que funciona em módulos educacionais do Estado na aldeia instalada próximo ao Santuário de Santa Rita de Cássia, na estrada para Bela Vista. Funciona ainda, uma turma descentralizada na comunidade instalada às margens da BR 285, em frente a EEPROCAR. 

 

Entre as representantes da SEDUC estava a chefe de divisão das modalides de educação de campo, indígena e quilombola, Déborah Feijó da Fonseca. De acordo ela, já foi possível observar, no primeiro contato, que as escolas são bastante engajadas, bem como as lideranças que participaram da reunião, com ciência da importância da educação no contexto dos povos originários. A partir das demandas, a secretaria irá planejar as ações pertinentes. "Viemos para fazer uma consulta junto às comunidades, a respeito dos diagnósticos do ensino aprendizam que irá ocorrer durante o ano, organizado pela SEDUC em parceria com o Instituto de Pesquisa em Política Linguítistica que vai fazer um estudo nestas escolas. A ideia é a partir dele conseguir elaborar políticas públicas", esclareceu. 

 

Márcia Knop, responsável administrativa das escolas indígenas na 39ª CRE, destacou que a importância do encontro, já que as lideranças indígenas conhecem a realidade e têm condições de repassar as demandas. "Eles sabem a real necessidade, Ouvimos eles nas escolas, mas viemos que era importante esta troca com a SEDUC para verificarmos as necessidades gerais. As lideranças já nos passaram os pontos principais", destacou ela. 

 

O presidente do Conselho dos Caciques do Rio Grande do Sul, Mariano Claudino, que é da Terra Indígena da Serrinha, em Ronda Alta, acrescentou que em termos de estrutura física, as escolas estão bem estruturadas, assim como o quadro de professores. As demandas existes são pontuais e se relacionam com os servidores de escolas, com profissionais para o preparo da merenda, por exemplo. 

 

Ao avaliar a educação indígena em termos gerais, Claudino destacou quea a educação dentro das aldeias é diferenciadas e fundamental para a manutenção da cultura. Além do currículo comum às demais escolas, as instituições indígenas possuem disciplinas direcionadas a cultura, o que para ele é um diferencial. "Quando chegar à universidade, nossos estudantes estarão ainda mais preparados. Temos as disciplinas focadas à nossa realidade, até a mereda escolar tem cardápio específico", enalteceu. 

 

A realidade escolar

Rosilane Farezin Muneron é diretora da Escola Estadual Indígena Tanhve Kregso, em Constantina, e participou da reunião. O educandário que ela dirige é belíngue e tem 85 estudantes da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental. As salas de aula são multiseriadas e são poucos estudantes por turma. Trabalhando com educação indígena desde 2007, esta é a primeira vez que ela participa de um encontro para debater a educação para os povos originários. "Estamos dando um passo gigante podendo conversar com a SEDUC sobre nossas demandas. Este olhar diferencial está sendo dado, porque a escola indígena é diferente", analisou. 

Data: 14/03/2025 - 15:28

Fonte: Mara Steffens

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