ECONOMIA
Empreendedorismo feminino: “É preciso começar, dar o primeiro passo, da maneira que for”, diz empresária que pediu demissão para realizar o sonho de ter a própria marca de semijoias
Foto Mara Steffens/O Correspondente
O dia 19 de novembro é conhecido como Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino há 10 anos, desde que foi instituído pela Organização das Nações Unidas – ONU, com o objetivo de celebrar o avanço delas nos negócios.
No Brasil, de acordo com a Global Entrepreneurship Monitor – GEM, 54,6% dos brasileiros com intenção de empreender até 2026 são mulheres. Em Carazinho, 60 dos cerca de 240 empreendimentos filiados à Associação Comercial e Industrial - ACIC são conduzidos por mulheres. A Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL possui um núcleo criado especificamente para apoiar os negócios mantidos por empreendedoras. Elas participam de formações, encontros e momentos de troca de informações que enriquecem suas trajetórias.
Gisele Savioneck é um dos diversos exemplos de sucesso de negócios criados e geridos por mulheres. Com formação na área contábil, atuou sempre em departamentos de recursos humanos, mas chegou ao momento em que decidiu que precisava mudar.
Com a pandemia de Covid-19 batendo a porta, em março de 2020, ela deu um passo de coragem. Fundou a marca de semijoias Gi Saiovaneck. “Eu estava desgastada e não poderia trabalhar infeliz. Sabia que precisava estar bem. Então pedi demissão e passei a realizar cursos na área das semijoias. Sempre gostei deste universo”, conta ela.
A empresa nasceu online, pela necessidade do momento em função da pandemia, mas também pela facilidade de contato com os clientes. E foram elas que pediam que a empresária abrisse uma loja física. Ela gostou da ideia e inaugurou o espaço na Rua Bernando Paz, perto do Colégio La Salle. Recentemente, ela trocou de endereço. Está agora na Alexandre da Mota, a poucos metros do Tabelionato Seger.
Gisele admite que empreender requer muita entrega, mas é fundamental reconhecer quando não consegue dar conta de todas as tarefas e precisa delegar algumas para outras pessoas. “Eu já não consigo atender algumas coisas e é preciso ser humilde para reconhecer que não tenho como abraçar o mundo. Por outro lado, eu me sinto muito feliz de encarar esta montanha russa que é o mundo do empreendedorismo com capacidade, encontrando caminhos para resolver os desafios. Me sinto orgulhosa”, salienta.
Quem empreende sabe das dificuldades e talvez muitos já tenham pensado em desistir. Gisele refletiu sobre isso, no primeiro ano da empresa. “Eu não era daqui. Eu era conhecida apenas dentro da empresa em que eu trabalhava. Fora de lá, ninguém conhecia a Gisele. Então eu cheguei a pensar que teria feito uma grande besteira. Quis voltar atrás, mas algo me dizia que precisava continuar”, conta ela, enaltecendo as pessoas próximas como fundamentais para a persistência. “Eu chamo de equipe de apoio, marido, família, amigos. Esta parte precisa estar forte com você. Foram eles que não deixaram que eu esmorecesse. Sempre tinha alguém para me dizer para continuar”, comenta.
E foi justamente através de uma amiga que a “virada de chave” aconteceu. “Ela me disse, ‘você nunca pensou em ter revendedoras? Eu queria tanto revender tuas peças, porque as pessoas perguntam de onde é as que eu uso’. Até aquele momento eu estava muito focada na plataforma online, na loja física, e não tinha pensado que poderia ter esta política da revenda. Foi ali que iniciou. Depois dela vieram outras e outras. Quando me dei conta estava com sete meninas revendendo para mim. A partir delas as coisas foram expandindo”, recorda.
Fotos Reprodução
Preocupação com o produto
As peças vendidas por Gisele são desenhadas por designers exclusivamente para a marca. O processo desde a projeção, a fusão dos metais e o banho com ouro ocorre em Limeira-SP. A empresária ressalta que uma das principais preocupações é com a qualidade das peças.
A indústria, chamada de galvânica, precisa seguir rigorosos controles legais para atuar, que envolve a origem da matéria prima. Todas as peças da marca da empresária de Carazinho são fabricadas a partir da alta fusão de metais, tornando-as mais resistentes e capazes de suportar o banho do ouro, com tonalidade específica, e a aplicação da película protetora que evita que as peças percam a cor com o tempo e causem problemas com a pele com a qual estão em contato.
Conselhos para quem quer empreender
Gisele Saiovaneck não se arrepende de investir no sonho de ser empreendedora. Para quem está em dúvida se encara ou não o desafio de dirigir o próprio negócio, ela incentiva a dar o primeiro passo. “É preciso enfrentar, começar do modo que estiver, seja em um pequeno espaço, seja apenas online. Hoje temos inúmeras ferramentas que podem nos ajudar. Talvez num primeiro momento concilie o trabalho atual com o novo negócio, mas é preciso começar, dar o primeiro passo. Não se deve deixar de tentar, ficando em cima do muro. Confiem em suas capacidades”, resume.