POLÍTICA

Os desafios do prefeito eleito

Foto Divulgação

 

Passada a eleição, enquanto uns comemoram e outros lambem as feridas, é hora de pensar no Carazinho 2025-2029. Mesmo que o plano de desenvolvimento do prefeito eleito, João Pedro Azevedo (PSDB) seja um pouco mais ousado e mire mais à frente, até 2045, - o que exigiria mais três mandatos do PSDB ou do mesmo grupo -, efetivamente ele foi eleito para os próximos quatro anos e é isso que interessa...Ao contrário de muitos prefeitos que vieram antes dele, João Pedro, a princípio não irá receber uma prefeitura quebrada. Muito pelo contrário...As finanças da Prefeitura vem apresentando superávit nos últimos anos. Porém, o céu não é totalmente de brigadeiro, e ao se deparar com o desempenho econômico do município nos últimos dois anos, o prefeito eleito pode ter a primeira má notícia...

 

 Sinal de alerta

...É que após sucessivos aumentos de arrecadação do ICMS, começou acontecer uma reversão, e para 2025, a previsão é de uma queda de 10,3%. Enquanto em 2023, o município ocupava a 17ª posição no ranking de arrecadação do RS, em 2024, caiu para 18ª posição, e em 2025, deve ficar em 22º lugar. Além disso, ainda há o fantasma do impacto da reforma tributária no setor de logística, que passará a tributar no destino das mercadorias e não mais na origem. Confirmando-se isso, Carazinho pode perder aquela que foi considerada a “galinha dos ovos de ouro” na economia do município nos últimos anos, que foi a logística…São sinais de alerta de perda de competitividade que não podem ser subestimados... 

 

Geração de empregos

…Mesmo assim, o novo prefeito irá receber um orçamento para administrar de R$450 milhões para 2025 e pelo menos não terá que se preocupar em pagar dívidas, até porque a Lei de Responsabilidade Fiscal nem permite que os prefeitos deixem restos a pagar...Portanto, é assumir e começar a trabalhar, até porque algumas ações são urgentes, como por exemplo, a geração de empregos, que deve ser o principal desafio da nova gestão. 

 

Para printar e cobrar

Falando em desafios, o principal deles, sem dúvida, é corresponder a expectativa da população, tirando o plano de governo do papel e do campo das promessas e colocando em prática. Por isso, na linha do recorte e cobre, ou melhor, printe e cobre esta coluna relembra alguns dos principais pontos prometidos durante a campan

ha:

 

Será que vai??

O quadro apresenta somente algumas das propostas defendidas no Plano de Governo da gestão eleita, algumas, aliás, bastante ousadas, como a construção de 500 casas populares e outras, que terão que ser viabilizadas assim que tomar posse, como o Planeta Agro, durante a Expodireto em março de 2025, já que João Pedro afirmou que 2024 foi o último ano que Carazinho serviu apenas de corredor e cidade-dormitório para a feira de Não-Me-Toque...

 

Mágica (?)

Já outras promessas, a princípio, podem ser mais complexas para viabilizar, como por exemplo, o horário estendido nas escolas e nas Unidades de Saúde. Não podemos esquecer que Carazinho hoje está no limite prudencial da legislação em gastos com pessoal, que chegou a R$210milhões em 2023, acima do limite legal que é de R$206 milhões. Como João Pedro já afirmou que irá fazer um concurso público no primeiro ano de governo e que é contra a reforma administrativa, não se sabe que mágica pretende fazer...Talvez não nomear ninguém para os cerca de 100 cargos de CCs?

A propósito I: a grande expectativa para os primeiros dias de governo é a mudança na cobrança do estacionamento rotativo, com novas regras e tolerância de 48 horas para fazer o pagamento sem multas. Resta saber o que a empresa Estacione irá fazer no caso de mudança ou até mesmo, rescisão do contrato e quanto isso vai custar...

 

Transição

Porém, o período de agora até 31 de dezembro é de transição, processo, aliás, que já iniciou com uma reunião na manhã de ontem (10) no gabinete do prefeito. O convite foi feito ainda na segunda-feira por Milton Schmitz, quando ele cumprimentou o prefeito eleito pela vitória, o que, aliás, é de praxe. O que não é de praxe é a vice-prefeita eleita – Valéska Walber - , não ser convidada pelo atual prefeito para a reunião que inaugura o processo de transição de governo, até porque João Pedro não cansa de repetir a importância que a vice-prefeita terá na futura gestão...Mesmo assim, segundo João Pedro, ele foi muito bem recebido e a reunião foi bastante produtiva. Na próxima semana, devem ser anunciados os nomes que irão compor a Comissão de Transição.

 

Secretariado

Como também é de praxe, contabilizado o resultado, já se iniciaram as especulações quanto ao novo secretariado, que, segundo o prefeito eleito, será escolhido tendo o critério técnico como prioridade… Portanto, a primeira reunião com os partidos da coligação – PSDB, Republicanos, PDT, União Brasil e PSD – já foi marcada para juntos começarem a pensar sobre os nomes...técnicos...Uma das probabilidades é puxar um dos quatro vereadores eleitos pelo PSDB para o Executivo, o que por tabela, permitiria que a primeira suplente Juliani Pinzon assumisse, garantindo mais uma mulher no Legislativo. Também, em função da grande proximidade e amizade, chegou-se a especular sobre o nome do vereador Bruno Berté, do PDT, para o secretariado. Outra hipótese seria Alaor Tomás, também do PDT, para a secretaria de Esportes. Porém, isso poderia enfraquecer a base do governo no Legislativo, que por não contar com a maioria, precisará de vereadores ainda mais combativos...

A propósito II: há quem aposte que a composição do legislativo ainda possa sofrer mudanças, com algum vereador eleito não sendo diplomado por conta de supostas irregularidades na campanha. Vamos esperar para ver a decisão do tapetão...De qualquer forma, a oposição já parece bem articulada, inclusive, com a divisão dos cargos da Mesa Diretora, que deve ser assumida em 2025, pelo vereador Tenente Costa, do MDB, ex-secretário de Gabinete do prefeito Milton Schmitz. 

 

Protestos

Falando em legislativo, a primeira sessão após as eleições foi de comemorações, despedidas e também de protestos... Com o plenário lotado, famílias atingidas pelas chuvas da semana passada, aproveitaram para protestar pela demora da Prefeitura na solução dos problemas. Estranhamente nenhum vereador da base entrou em defesa do governo. Aliás, a base estava bastante fragilizada, já que Estevão De Loreno e Janete Ross, não reeleitos, se ausentaram da sessão, assim como Adriano Strack. 

 

Coincidência (?)

Aliás, dos sete vereadores não reeleitos, o desempenho que mais chama a atenção é do vereador Adriano (Podemos), que depois de ter sido um dos três mais votados em 2020, com 1.085 votos viu sua votação cair para 405 votos. Outro também que viu cair seu desempenho significativamente foi João Hartmann (PSDB), que passou de 909 votos em 2020 para 513 votos em 2024. Coincidência ou não, ambos trocaram de partido durante o mandato…

A propósito II: sobre o protesto dos moradores atingidos pelas chuvas, em função da demora do Executivo em solucionar os problemas, esta coluna recebeu a informação que ainda na semana passada, a Prefeitura foi visitada por um integrante do Ministério da Reconstrução do RS, que ofereceu ajuda do governo federal para a recuperação das moradias. Porém, foi atendido rapidamente e não passou da ante sala do gabinete do Prefeito. Em contato com a Prefeitura para saber se iriam abrir mão ou aceitar a ajuda do governo federal, esta coluna não recebeu retorno. Não devem estar precisando de nenhum auxílio…

 

Contrastes

Ainda sobre o Legislativo, a média de receitas arrecadadas para a campanha pelos vereadores eleitos foi de R$7.161,00, porém a conta revela contrastes... Enquanto a vereadora Bere, do PSDB, recebeu 790 reais, o vereador Vini Kunrath, do PSB, arrecadou mais de 18 mil reais. Mas o que chama atenção é que alguns dos vereadores que mais conseguiram recursos para as suas campanhas são os que ficaram na suplência… A prestação de contas completa, incluindo as despesas, deve ser entregue até o dia 05 de novembro, sendo que o limite de gastos para o legislativo foi de R$66mil. Porém, ao que parece, nenhum candidato chegou perto de gastar este valor, pelo menos na ponta do lápis do registro para a Justiça Eleitoral…

 

Ausência

Entre as ausências notadas na eleição em Carazinho e na comemoração da chapa vencedora foi a do deputado Ronaldo Nogueira, que pela primeira vez na história conseguiu garantir a participação do seu partido na majoritária que irá comandar a Prefeitura, através da vice-prefeita Valéska Walber, do Republicanos. Uma das explicações pode ser o fato do deputado ter transferido seu domicílio eleitoral para Porto Alegre, onde se dedicou a eleger os vereadores do partido. Outra hipótese é dele ainda não ter superado a mágoa dos eleitores carazinhenses em função do seu desempenho nas urnas…

 

Apoios

De qualquer forma, a nova gestão irá contar com o apoio de pelo menos dois deputados federais da região, cujos partidos fazem parte da coligação. Além de Ronaldo, também o deputado passofundense Luciano Azevedo, do PSD, caso ele se mantenha em Brasília…Porém, o maior apoio político à futura administração deve vir do governo do Estado, onde João Pedro possui trânsito livre e portas abertas junto ao governador Eduardo Leite. O futuro prefeito, aliás, pode se transformar em uma das apostas do partido em nível estadual para voos mais altos. Das 33 prefeituras conquistadas pelo PSDB no RS, Carazinho é uma das maiores, perdendo apenas para Viamão e Gravataí. O partido ainda disputa o segundo turno em Caxias do Sul e Santa Maria.