ECONOMIA

Produtores projetam dificuldades a partir do aumento da alíquota do ICMS no Estado

Ademir José Wecker é produtor de morangos (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

Entidades represtativas de todo o Estado seguem mobilizadas para tentar sensibilizar o Governador Eduardo Leite a rever o decreto que está agendado para entrar em vigor na próxima segunda-feira (1ª) reajustando alíquotas de vários produtos, especialmente alimentícios e básicos na mesa dos gaúchos. A justificava é que os preços obviamente terão de ser reajustados para o consumidor final, o que deve gerar queda no consumo de alguns itens. Produtos básicos de alimentação, como leite, ovos e hortifrutigranjeiros, isentos hoje, passarão a ter alíquota de 12%. Outro produto que para muitos é indispensável também terá reajuste: a erva mate, cuja alíquota deve subir para 17%. 

 

Produtor dos Morangos Biocultivos em Carazinho, Ademir José Wecker ressalta que o custo de produção já havia aumentado, quando os adubos tiveram reajuste. Ele destaca que quando ocorre o aumento, imediatamente o consumo congela. Fornecedor para vários estabelecimentos comerciais, especialmente no forte da safra - entre junho e dezembro, ele acredita que a venda direta será a alternativa para continuar comercializando e ofertar com um preço mais acessível. Em 2023 ele comercializou cerca de 20 toneladas. 

 

Paulo Dutra é distribuidor de duas marcas de erva mate para Carazinho e cidades próximas: Pancotte e Cultivada. Para ele, o quilo do produto deverá chegar a algo em torno de R$ 15,00 depois da mudança de alíquota. "É um produto que se consome todo dia. Algumas pessoas não abrem mão. Tomar chimarrão é algo sagrado para a hora do descanso", salienta ele que receberá as notas fiscais das remesssas com o reajuste incluso. "Não tem como não repassar o aumento, refletindo para o consumidor final", acrescenta. Além de distribuir no varejo, Dutra realiza vendas diretas, mas ele projeta que não haverá grande diferença. 

 

Coordenador da Emater em Carazinho, Renato Serafini projeta que os consumidores buscarão alternativas para driblar o aumento de preços, mantendo na mesa os produtos indispensáveis ou que não podem ser substituídos. Para ele, pode até ocorrer alguma estagnação no volume de consumo, nos primeiros dias, mas ele não acredita em grande queda no consumo. 

 

O empresário carazinhense Leandro Rheinheimer se uniará a outros empresários do setor supermercadista na segunda-fe9ira (1º) em uma mobilização que deve ocorrer em frente ao Palácio Piratini. Ele e mais alguns colaboradores da empresa viajarão com a Rede Super Sul, da qual O Coqueiros Supermercados faz parte para tentar sensibilizar o Governo a rever a proposta de reajuste. 

Erva mate é um dos produtos que devem ficar mais caros a partir de segunda-feira (Foto Divulgação)

 

Mobilização

Ontem (27), o Governador Eduardo Leite recebeu representantes de 24 entidades que sugerem que o Estado retome a discussão de ajuste na alíquota modal do ICMS. Se aprovada, a medida, proposta pelo governo gaúcho no ano passado, substituiria os decretos de revisão de benefícios fiscais editados no fim de 2023 e que passam a vigorar agora. O governador prometeu uma análise rápida da sugestão das entidades empresariais.

 

O porta-voz da entrega do documento foi o presidente da Cotrijal e da Expodireto Cotrijal, Nei Manica. “Os decretos são mais impactantes aos setores produtivos, e por isso defendemos a alíquota básica de 19% [atualmente é de 17%], porque também sabemos dos desafios do Estado para manter o equilíbrio fiscal e continuar investindo em áreas estratégicas para o desenvolvimento”, explicou.

 

“Faremos uma reunião com a equipe para avaliar as condições técnicas e políticas e as alternativas apresentadas. O importante é que se tenha um debate honesto e sincero sobre o assunto”, afirmou Leite. “O governo não quer arrecadar para ter mais dinheiro, mas porque precisa de receitas para atender a população em serviços essenciais, como saúde, educação e segurança pública", acrescentou. 

 

 

Data: 28/03/2024 - 10:30

Fonte: Mara Steffens

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