CULTURA

Academia Carazinhense de Letras fará seminário para marcar o Centenário da Revolução de 1923

Os líderes da revolução de 1923, da esquerda para direita: General Mena Barreto, Coronel Chiquinote Pereira, General Leonel Rocha, General Honório Lemos, Dr Assis Brasil, General Fernando Setembrino de Carvalho, Dr Angelo Pinheiro Machado, General Zeca Netto, General Felipe Portinho e Coronel Estácio Azambuja (Foto Divulgação/Arquivo Museu Olívio Otto)

 

 

 

Em 2023 completaram-se 100 anos da Revolução de 1923, um movimento armado que colocou de um lado os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros, conhecidos como Borgistas ou Ximangos, e de outro os revolucionários, aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, os Assisistas ou Maragatos. O que pouca gente sabe é que a revolução iniciou em Carazinho, mais precisamente nas imediações de onde está hoje o CTG Rincão Serrano. Na parte mais baixa do terreno, foi inclusive montada uma linha de combate. 

 

Na época, os revoltosos, rebatizaram Carazinho, chamando-a de Assisópolis, em apoio a Assis Brasil. Por considerar a passagem histórica de extrema importância e pensando em valorizar o papel que Carazinho teve no movimento, a Academia Carazinhense de Letras vem prospectando um projeto, desde o ano passado, para marcar o centenário do evento. 

 

Neste sentido, nos dias 30 e 31 de janeiro, sempre a partir das 19h30min, no CTG RIncão Serrano que apoia a inciativa realizará um seminário com palestras em torno do contexto histórico. Algumas palestras já estão confirmadas, entre elas, a do escritor Ervino Vogelmann, que explanará sobre o projeto e sobre o livero Corta Cabeças, que estará sendo lançado na ocasião. Também deve falar o professor, historiador e escritor José Nevton Sperry, que abordará os fatos da revolução. 

 

No segundo dia, está prevista a participação de Alex Antônio Vanin e Djivan Vinícius Carvalho, com "O Cerco a Cidade de Passo Fundo na Revolução de 1923". Também faz parte da programação a mostra fotográfica "Nesses Dias de Triste Memória", cuja análise será feita pela professora Fabiana Beltrami da Silva. 

 

Outra obra que será lançada no evento é de autoria de Adari Francisco Ecker. Ele pesquisou a fundo a revolução e apresentará a obra "A Revolução de 1923, Causas e Consequências". 

 

Contextualização histórica 

Um ano antes, Borges de Medeiros se candidatava à presidente do Estado para substituir Júlio de Castilho, que acabara de falecer. Tinha forte apoio partidário e não hesitava em apelar para a fraude e a violência para garantir a vitória, na tentativa de dar seguimento aos governos do antecessor.

 

No entanto, formou-se uma aliança entre vários segmentos da sociedade gaúcha para estimular uma oposição organizada. Assis Brasil desafia Borges na disputa nas urnas. A campanha eleitoral ocorre sob um clima de repressão e violência. Opositores do governo são presos, espancados e até mortos. Locais de reunião dos Assisistas são fechados e depredados pela polícia.

 

Neste contexto, o então distrito de Passo Fundo, Carazinho, prosperava aceleradamente, graças a indústria da madeira, tornando-se núcleo muito importante, seguido de Erechim. O fato de o outro distrito se tornar município antes, não agradou os carazinhenses. Aqui, era reduto forte de federalistas.

 

O chefe civil e mentar da revolução foi o advogado Artur Caetano da Silva, que residia em Passo Fundo. Quando o conflito começou a região de Carazinho foi atacada pelos caudilhos maragatos de Mena Barreto e Leonel da Rocha. Aqui encontraram forte resistência, não havendo vitória.

 

A expectativa de Assis Brasil e seus aliados era de que o então presidente da República, Arthur Bernandes, intervisse, já que não era simpático a Borges. Mas, sendo hábil político, Borges se aproximou do presidente e frustrou expectativas.

Data: 10/01/2024 - 16:53

Fonte: Mara Steffens

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