AGRO

Trigo deve ter quebra por causa da alta precipitação de chuva

Foto Mara Steffens/O Correspondente

 

A sexta-feira (20) até começou com sol, mas nas útimas semanas, as precipitações recorrentes de chuva tem deixado produtores rurais e especialistas do agro preocupados em relação aos impactos que ela elas estão causando nas culturas de inverno, especialmente o trigo que nos últimos anos garantiu boa renda no campo. 

 

Alexandre Nowick, coordenador técnico da Cotrijal, diz que ainda não é possivel mensurar um percentual de perdas, mas o cenário é preocupante. "A situação do campo não é boa. O produtor investiu, muitos buscaram o trigo para levar renda à propriedade, assim como na safra passada e inelizmente o clima está castigando. O trigo está pronto na lavoura e não pode ser colhido. Além disso, a cada nova chuva, mais a qualidade é afetada", constata. 

 

A área dedicada para o trigo nesta safra teve diminuição de 6% em relação ao ciclo passado, mas não é um percentual considevável dentro do cenário geral. 

 

Nowick informa também que desde o início do ciclo houve alta severidade de várias doenças. "No início tivemos bastante oídio, tivemos também ferrugem em virtude da umidade e da temperatura e logicamente, e com maior predominância a giberela e o bruzone, que afetaram drasticamente as lavouras. Prejudicou a formação dos grãos, e com isso a produtividade e a qualidade destes grãos. A região que até o momento está sofrendo um pouco menos com a giberela seria mais ao norte, Passo Fundo, no sentido a Vacaria, que planta um pouco mais tarde. No entanto, se seguir a previsão de chuva que temos para a semana que vem, esta região poderá ser bem afetada", projeta. 

 

Para o coordenador técnico, é difícil prever neste momento um percentual de quebra porque poucas áreas foram colhidas. "Existe uma variabilidade grande. Áreas onde não pegou tanta chuva estava conduzindo bem, com qualidade. As áreas em que choveu mais já caiu a produtividade e a qualidade. Então falar em quebra neste momento é difícil, mas a qualidade vai ser afetada", pontua. 

 

Milho e soja

De olho no trigo, o produtor não deixa de pensar na safra de verão, e com grande expectativa já que nas últimas duas safras a produção foi comprometida pela estiagem. "O milho, na maioria da região, especialmente no entorno de Não-Me-Toque e Carazinho, está praticamente semeado, com exceção daquele que será destinado à silagem, que deve ser semeado de dezembro para frente. Na região de Lagoa Vermelha, Muitos Capões e Esmeralda ainda existem áreas aguardando o plantio. Já a soja, ainda estamos na estaca zero. Nem estamos recomendando semear neste momento. Nosso conselho é aguardar porque tem muita umidade no solo e a temperatura dele está muito baixa. Aliás, temos relatos de áreas que foram plantadas, antes da última chuva que vai precisar de replantio", contextualiza Nowick. 

 

Conforme o coordenador técnico, a janela recomendável para a safra de verão é variáve pela flexibiidade das cultivares. "O ideal para nossa região, e condizente com a maioria das culturas seria o dia 25 de novembro para a soja. Mas se semearmos a partir disso, não existem grandes penalizações, mas o ideal seria até o 25 de novembro", orienta. 

 

Por fim, Nowick observa que o produtor está ansioso pela semeadura, mas a caultela é fundamental diante do cenário atual. "Ele está apostando muito nom verão, pensa em preparar, investir suas áreas para extrair o máximo de produtividade em virtude da quebra que teve e agora com o inverno difícil", conclui. 

 

Previsão o tempo

O Climatempo sugere pancadas de chuva já na tarde desta sexta-feira (20), cenário que deve se repetir no domingo (22), na segunda (23) e na terça-feira (24). 

Data: 20/10/2023 - 10:30

Fonte: Mara Steffens

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