CULTURA

Os filhos adotivos da terra

Alda Albuquerque da Silva (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

Alda Albuquerque da Silva tem 96 anos. A família se mudou para Carazinho quando ela tinha entre 4 e 5 anos. A mudança de Vista Alegre, hoje distrito de Colorado, para a Capital da Hospitalidade e Logística, foi com carroça. Todos os pertences da família foram colocados no veículo mais utilizado da época.

A família se instalou onde hoje é Almirante Tamandaré do Sul. Estão entre aquelas que foram adotando a cidade como sua, ao longo do tempo.  Na época era território carazinhense. Hoje é município independente. Dona Alda mora no local até hoje, perto de uma das filhas. Ela e o esposo, já falecido, tiveram nove.

Conforme ela, para conseguir os mantimentos para a subsistência era necessário vir a Carazinho. Utilizavam uma espécie de lotação para fazer o rancho, especialmente no Supermercado Primus. Para visitar o pai, que vivia em Palmeira das Missões, eram duas conduções. Uma até a rodoviária de Carazinho, e outra até Palmeira.

A vida no meio rural era sofrida. “Tínhamos que virar os campos e as lavouras para plantar. Carregávamos nos ombros os cestos cheios de rama de mandioca para plantar. Primeiro ajudei muito meu pai, depois do casamento, o meu marido. Também fazia faxina nas casas das redondezas”, conta, denunciando que as dores na coluna que sente hoje são os reflexos dos sacrifícios do trabalho.

A filha Marina, que reside na Vila Rica, em Carazinho, conta que desde muito nova ouviu as histórias especialmente contadas pelo pai. “Ele trabalhou com Eduardo Graeff e família. Sempre brincava que ajudou a fundar Carazinho. Passava puxando material e animais pela Rua das Tropas, hoje Avenida Pátria. Era um pouco tropeiro também. Trazia e levava lotes de animais. Um dos cavalos sempre era escolhido para carregar os mantimentos”, conta Marina.

Hoje as linhas de ônibus também estão escassas. Quando precisa resolver algo em Carazinho, é trazida pela filha e aproveita para ficar alguns dias, fazendo visita. “Agora que não trabalho mais, posso passear. Minha filha que mora perto de mim faz tudo”, revela.

Data: 20/01/2023 - 13:27

Fonte: Mara Steffens

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