CULTURA

A revolução de 1923, emancipação e pujança econômica

Os líderes da revolução de 1923, da esquerda para direita: General Mena Barreto, Coronel Chiquinote Pereira, General Leonel Rocha, General Honório Lemos, Dr Assis Brasil, General Fernando Setembrino de Carvalho, Dr Angelo Pinheiro Machado, General Zeca Netto, General Felipe Portinho e Coronel Estácio Azambuja (Foto Acervo Museu Olivio Otto)

 

Carazinho foi palco para o início de um dos mais importantes conflitos do Rio Grande do Sul. A Revolução de 1923 teve início aqui, mais precisamente no local onde hoje está o CTG Rincão Serrano, no bairro Glória. Como já referido para O Correspondente pelo historiador, escritor e advogado Adari Francisco Ecker, na baixada que existe próximo à entidade, os revolucionários abriram uma linha de combate.

Buscando mais detalhes acerca deste episódio junto ao Museu Olívio Otto. Onisê Aparecida Estery da Rocha e Sthiffany Dornelles, colaboradoras da instituição, disponibilizaram informações relevantes. O conflito iniciou justamente no dia 24 de janeiro daquele ano. Foi um movimento armado, que colocou de um lado os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros, conhecidos como Borgistas ou Ximangos, e de outro os revolucionários, aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, os Assisistas ou Maragatos.

Um ano antes, Borges de Medeiros se candidata à presidente do Estado para substituir Júlio de Castilho, que acabara de falecer. Tinha forte apoio partidário e não hesitava em apelar para a fraude e a violência para garantir a vitória, na tentativa de dar seguimento aos governos do antecessor.

No entanto, formou-se uma aliança entre vários segmentos da sociedade gaúcha para estimular uma oposição organizada. Assis Brasil desafia Borges na disputa nas urnas. A campanha eleitoral ocorre sob um clima de repressão e violência. Opositores do governo são presos, espancados e até mortos. Locais de reunião dos Assisistas são fechados e depredados pela polícia.

Neste contexto, o então distrito de Passo Fundo, Carazinho, prosperava aceleradamente, graças a indústria da madeira, tornando-se núcleo muito importante, seguido de Erechim. O fato de o outro distrito se tornar município antes, não agradou os carazinhenses. Aqui, era reduto forte de federalistas.

O chefe civil e mentar da revolução foi o advogado Artur Caetano da Silva, que residia em Passo Fundo. Quando o conflito começou a região de Carazinho foi atacada pelos caudilhos maragatos de Mena Barreto e Leonel da Rocha. Aqui encontraram forte resistência, não havendo vitória.

A expectativa de Assis Brasil e seus aliados era de que o então presidente da República, Arthur Bernandes, intervisse, já que não era simpático a Borges. Mas, sendo hábil político, Borges se aproximou do presidente e frustrou expectativas.

A emancipação

Os movimentos emancipacionistas se intensificaram sobretudo a partir de 1930. O espírito de luta criado com a revolução, trazia novos ânimos e o progresso perceptível na região avolumava as vozes em favor da autonomia administrativa.

Citações históricas disponibilizadas pelo Museu, dão conta que o Jovem da Serra, de propriedade de Canuto de Souza, publicava constantemente notícias sobre estes movimentos.

A partir da promessa de Flores da Cunha, de que Carazinho finalmente seria emancipado a comissão emancipacionista seguiu a linha. Foram líderes Paulo Coutinho (o principal deles), Dr Homero Guerra, jovem idealista que vinha a ser o primeiro prefeito, Alberto Graeff, Guilherme Shdbrack, Otávio Rocha, Dr Eurico Araújo, Ivalino Brum, Salustiano de Pádua, Alberico Azevedo, o próprio Canuto de Souza, entre outros. Hoje, todos os estes vultos históricos são homenageados nomeando ruas carazinhenses.

Economia

Até se consolidar como uma das potencialidades do agronegócio e mais recentemente da logística, Carazinho vive ciclos econômicos diversificados e intensos. Entre 1920 e 1940 houve grande exploração da madeira. As fotografias da época impressionam com a quantidade de toras e de produto já manufaturado à beira da via férrea, pronto para ser escoado. Carazinho inclusive exportou madeira. Seu destaque neste segmento lhe rendeu o apelido de Manchester da Serra.

A partida da década de 1940 ganha destaque a industrialização da raspa de mandioca. Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, o foco passa a ser agropecuária. A industrialização ganha impulso a partir de 1970.

Quanto a composição das atividades econômicas destacaram-se soja, trigo, cevada, milho, aveia, criação de bovinos, suínos e ovinos, no setor primário. Na indústria houve espaço para fábricas de móveis, moinhos coloniais, torrefação e moagem de café, indústria e comércio de vime, fábrica de telas, confeitarias, malharias, serrarias.

Data: 24/01/2023 - 19:49

Fonte: Mara Steffens

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